Rodrigo Carvalho
Sozinho
Que será que surge em mim neste momento?
Que inquietação é essa que é quase uma agonia?
Há alguma coisa que atormenta minha alma,
que neste momento inquieto,
torna-se sombria.
Porque, na solidão desta tarde que parece morrer,
sinto o coração bater,
em fortes pancadas de medo?
Não tenho medo.
Tenho que viver, crer e reerguer,
uma vida que todos pensam nada ser.
Porque pensei em minha mãe, agonizante?
Deveria pensar?
Deveria pensar em uma pessoa que faz parecer
a minha vida errante?
Deveria?
Como a casa é deserta!
E como a tarde é fria!
Surge cada vez mais o tormento. . .
E agora,
nessa hora,
o que permanece em minha alma?
Desesperança. . . Desalento. . . Desânimo. . .
Que me importa agora o passado?
A minha natureza repugna essa volúpia enorme
de fracasso.
E pergunto-me:
Que passado ruinaria só de belezas?
A partir de agora,
eu abomino a estupidez momentânea
e atitudes infâmias,
que fazem denegrir a auto-estima.
Que atos podem vir a destruir um ser?
Que sejam desconhecidos,
que perdure o vil alívio. . .
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