Um cronômetro para piscinas 

Da generosidade dos leitores

 

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Yeda Schmaltz

 

----- Original Message -----
Sent: Sunday, December 22, 2002 10:52 PM
Subject: Re: GOIÁS EXISTE!_23.12.2002_n.015

EXCELENTE!!! Eita estorinha confusa...rsssss...
E você pensa que o povo sabe o que é oitão da casa? Isto é só coisa de quem, como nós, lida com as peixeiras.
Admirável o seu lidar com a metalinguagem, a discussão do discurso dentro dele próprio, coisa de mestre. Vou guardar aqui para futura publicação no boletim, posso?
Obrigada pelo momento de prazer estético.
Yêda

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Edson Alves Damasceno

 

Sent: Tuesday, December 24, 2002 12:46 AM

Subject: O olhar de Vera ou o terceiro tiro

Poeta, o verdadeiro homem é o desarmado! Sua arma é a palavra. A bala do terceiro tiro foi mais rápida que o arrependimento. O pai do comerciante ao alinhar o olhar com o de Vera... Veio o perdão, mas a bala foi muito mais rápida.

Poeta, o texto está estupendo, incrível e lindo, comparável aos demais escritos pelo grande poeta Soares Feitosa. É difícil dizer qual o melhor. 

A cada novo texto você se supera. Imagine quando a obra completa estiver pronta. 

Ave, Salomão! Vinde o quanto antes para saciar a sede dos que necessitam de tua fonte de poesia. 

Poeta, Feliz Natal, Feliz Ano Novo, que 2003 seja o ano de Salomão, seus leitores agradecem. 

Haja coração.

Um abraço do amigo, Edson.

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Rogério Lima

 

From: Rogerio
Sent: Thursday, November 28, 2002 6:25 PM
Subject: O ponteiro

“Marque o tempo que quiser e repare no ponteiro correndo em direção ao evento. Que pode ser morte, que pode ser vida, que a diferença é nenhuma. Quem dirá o lado vencedor será sua mão, sua mãe... Assim, ó!...”
 

 

 

 

Filósofo, permita-me, mas colho o que bem entendo, pois o texto, seu é que não é mais. 

Parece um Tiago sertanejo ensinando que a vida é como uma névoa, que repentinamente se dissipa. O tempo corre e não nos espera e nem nos dá trégua. Nossas escolhas devem ser rápidas, caso contrário a vida não nos permitirá escolher coisa alguma. 

Todavia, filósofo, sob as bênçãos do Pai pois caso contrário, nossas escolhas serão trágicas. Que o Senhor, por Sua misericórdia, não nos permita jamais apontar o ponteiro!

Com o grande abraço. 

Rogério.

 

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Francisco Perna Filho

 

From: framper
To: jpoesia
Sent: Monday, December 23, 2002 9:30 PM
Subject: Um cronômetro para piscinas

CARO FEITOSA,
É, de fato, uma bela "história", a trajetória de um Alídio, cheio de alumbramentos, dando-se a conhecer pelos remendos da memória de resgate, num magnífico ensaio sobre o fazer ficcional. Reafirmo a sua capacidade criacional e o seu compromisso com as letras, além de apreciar a sua inventividade artística e o seu engenho lingüístico.
Parabéns!
com o abraço
do Chico Perna.
Goiânia - GO.

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Diatahy Menezes

 

Sent: Tuesday, December 24, 2002 4:22 AM
Subject: Faz tempo que quero conversar com você


Don Francisco:

Faz tempo que quero conversar com você! E não encontramos tempo. Passei uns 5 dias a viajar. Enquanto isso, fui lendo umas coisas que me faziam pensar em você o tempo todo.

Agora, abro o meu correio e, em meio a pletora de mensagens acumuladas nesses dias de jejum cibernético, encontro esse monumento de narrativa: a história de vida à volta de um  cronômetro de piscina! Ora veja: que faz esse muiraquitã num sertão sem água e muito menos piscina?

Mas o que me toca é o modo próprio de dizer, algo que, mesmo se não houvesse narrativa, confusa ou de simplicidade banal, este algo nos transportaria ao universo transfigurado por essa estética do inesperado, com seu perdão a posteriori. É a fala que é arte aqui, é ela que tem a força de transmudar o mal em bem, o hediondo em hierofante, e assim por diante. Eis por que o Bode preto é belo e sereno!

 Mas preciso pôr umas conversas em dia, Don Francisco. E grato por esse regalo de Natal.

 

 

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Yzacyl Guimarães Ferreira

 

Sent: Tuesday, December 24, 2002 11:38 AM
Subject: Re: Poeta, espie

SÓ A ARTE, meu caro Feitosa! SÓ A ARTE, como a sua, seu philosófico cinematógrapho de um sertão maior que o mundo, nos salva da mesmice generalizada ao redor (ressalvadas umas quantas exceções, pois claro).
E vai o abraço natalino.
Izacyl

 

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Clivânia Teixeira

 

To: "Soares Feitosa" <soaresfeitosa@uol.com.br>
Sent: Tuesday, December 24, 2002 3:39 AM
Subject: Re: Vai este abraço natalino

Olá meu querido Soares,

Grata surpresa numa data especial!
Retribuo com todo este calor que toda prosa e poesia
possam revelar.
É muito bom escrever só para desfrutar de espaços com
pessoas como você.
Seu texto? Magnífico, criatividade a toda prova de
BALA!
É para quem SABE escrever e para SORTE dos que o lêem.

um grande e fraterno abraço

Clivânia

 

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Kátia Mendes

 

Date: Tue, 24 Dec 2002 22:11:31 -0200
From: Kátia mailto:katiamendes26@uol.com.br
To: "SF - Soares Feitosa - Jornal de Poesia" mailto:jpoesia@secrel.com.br

Feitosa,
chegou como um presente de Natal.
Dia 24, quase meia-noite. O único e-mail do dia.
Obrigada pela lembrança.
A estória, o tempo de se perceber o olhar, o tempo de
saber quanto foi dito em tão pouco tempo. Antes do tiro.
Coisa da arte da poesia.
Coisa de um poeta Noel.
Feliz Natal!
Abraços,
Kátia.

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Antônio Cícero

 

From: Antonio
Sent: Tuesday, December 24, 2002 10:35 AM
Subject: Re: Bode natalino

Caro Soares Feitosa,
Obrigado pelo conto, que é muito bonito e misterioso.
Boas festas e um feliz ano novo!
Antonio Cicero 

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Ricardo Alfaya

 

Subject: Re: Ricardo, espie! Espiei
Date: Thu, 26 Dec 2002 13:02:14 EST
To: jpoesia@secrel.com.br


Caro Soares,

Vi a caprina história assim:

"Cabra" é uma das chaves, jogo da imagem "cabra" com "cara". Refere-se sobretudo ao personagem principal da história, o pai que cometeu o crime. Quanto ao assassinato, trata-se de episódio talvez simples, seco e direto, que foi todo ornamentado. 

Três Veras. Vera é verdade. São três os tiros e, a despeito, da confusão, são pelo menos três versões (três verdades / veras) as que sobressaem: a do pai (o cabra); a do filho (comerciante); e a do coronel.

Patativa, literato popular homenageado que ornamenta os acontecimentos com o uso da palavra. Aqui, sinônimo de arte. Você escritor de formação intelectual, que ornamenta o acontecimento com o uso da palavra. Aqui, sinônimo de arte, também. Por outro lado, as fotos dos dois ornamentam agora a palavra. Há um jogo de ironia aqui.

Monalisa é Vera na janela. Porém, mais do que isso, simboliza o enigma do texto. O famoso "riso enigmático" de Monalisa, de quem se diz representar o próprio riso de Da Vinci. Parece-me que a modelo que pousou para o quadro era uma pessoa comum da época. Ornamentada pela arte, tornou-se grandiosa e eterna. 

Decifra-me ou te devoro. As interrogações vão descendo pela página. Interrogações, Monalisa, Cabra, sua foto, Patativa, assim como o próprio texto em si. O texto parece querer chamar a atenção do leitor para o fato de que ali existe um enigma. Só que, contraditoriamente, os recursos para revelar a existência do enigma, terminam eles mesmos acrescentando enigmas ao enigma.

Até mesmo a "Moral da História", que surge na possível fala do monge (nada parece palpável na narrativa) possui um caráter ambíguo, de crítica e de elogio, ao mesmo tempo.

Por certo há outros enigmas, outros detalhes. Como bem já observou Yêda Schmaltz, na opinião anterior, há uma "discussão do discurso dentro dele próprio". Esse é um dos pontos, ou talvez mais precisamente o ponto: na dimensão em que vivemos, a verdade é formada por múltiplos discursos que se intercalam, sendo fugidio, talvez impossível, o conceito de verdade absoluta. Isso me faz recordar alguma coisa que li em Michel Foucault a respeito.

Para encerrar, diria que ocorreu, enquanto escrevia essas palavras, uma espécie de "visualização espontânea", na qual apareciam três folhas em branco suspensas no ar como plataformas. Em cada uma delas se moviam os acontecimentos das três diferentes versões. Talvez adotar como verdade todas as versões fosse uma solução para o problema. A versão, afinal, é sempre maior que o fato. E toda versão (todo "boato" como talvez preferisse Uilcon Pereira) tem um fundo (falso?) de verdade. 

Por outro lado, se fôssemos proceder assim no cotidiano, isto é, aceitando todos os discursos e versões como verdadeiros, terminaríamos sufocados ou perdidos pela impossibilidade de compreender com clareza até mesmo os mais corriqueiros fatos, tal como, até certo ponto, sucede tanto aos personagens envolvidos na deliberadamente confusa história, como com todo aquele que a lê. Talvez resida na constatação e na proposta desse fenômeno o principal objetivo da narrativa.

Será que a minha versão chegou perto da "verdade verdadeira" a que se propõe o texto ou fui devorado pela Cabra-esfínge-da-peste? 

Um Bom Natal,
Ricardo Alfaya

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Ruy Espinheira Filho

 

 

From: "Ruy Espinheira Filho" <refpoeta@terra.com.br>

Date: Fri, 27 Dec 2002 11:48:46 -0200
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Prosador poético


Grande Feitosa:
Você está se saindo, poeta, um prosador dos finos. E um prosador poético, o que é raro. 

 

No mais, neste 2003 vamos empossar você como acadêmico correspondente da Academia de Letras da Bahia. Eu deverei fazer o discurso de saudação. Um abraço grande,
Ruy.

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Alexandre Forte

 

 

From: "forte" <cpd@feitosa.adv.br>

Date: Fri, 27 Dec 2002 09:46:08 -0200
To: "jpoesia" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: OS DOIS CORPOS DO POETA

 

 

O poeta, como o soberano antigo, tem dois corpos. Um é mortal, sujeito às contingências humanas; o outro, imoral, para além de toda decrepitude do bem e do mal.

O corpo mortal do poeta está sujeito aos vícios e virtudes, passível de cometer e ser vítima do mal e do bem.

O corpo imortal do poeta, porque imoral e irresponsável, só conhece da tragédia humana: bem e mal imbricados como dois amantes.

O poeta de Mein Kampf não pode ser responsabilizado pelos atos do corpo mortal do Führer ; nem o poeta da Terra Prometida pode ser responsabilizado pelos saques e atentados ao povo egípcio.

Somente despidos da túnica de poetas e, por conseguinte, de profetas, podem ser responsabilizados.

No princípio, o poeta, o profeta e o soberano encarnavam o verbo divino. Os atos do ofício divino são irresponsáveis, porque emanados de uma fonte supra-humana.

Não por acaso, Platão excluiu os poetas da utopia republicana. Aceitar o poeta como estadista seria introduzir a tragédia na história, excluindo por completo qualquer tentativa racional de distinguir o bem do mal.

Não que os poetas sejam incapazes de valorar. Ninguém mais capacitado para dizer o bem do mal e vice-versa. A verdade pura jorra da boca dos poetas.

Aos demais mortais resta apenas a relatividade dos conceitos, os limites sensoriais do corpo.

O poeta no desfrute da imoralidade é um feiticeiro de alta grandeza. Para além e aquém da sensorialidade, o poeta se faz desbravador do mundo, do universo.

O corpo mortal do poeta, no entanto, não resiste a muito experimentalismo. Ao primeiro choque com os limites tetra-dimensionais se espedaça.

Mas, o poeta não pode ser culpado. Goethe não induziu ninguém ao suicídio com Werther. Como poeta, está tocado pelo sagrado. E santos os que pereceram.

A perdição do poeta é colocar o corpo imoral a serviço do corpo mortal: os grandes crimes que o digam.

O corpo mortal deve estar a serviço do corpo imoral, imortal, reunindo no compasso cósmico – Vide Soares Feitosa – as musas regentes da epopéia humana.

Somente o poeta que coloca o corpo perecível a serviço daquel’outro tem autoridade para dizer: «O bem é o mal vestido de bem; e vice-versa».

Afinal, o que é o sumo bem diante da pequenez humana?

A única salvação do poeta é a epopéia. 

A tragédia humana é a argamassa que reúne justos e injustos.

Por isso:

— A Arte, só a Arte!

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Ana Luísa Peluso

 

From: "Ana Peluso" <ana_peluso@uol.com.br>

Date: Fri, 27 Dec 2002 19:17:54 -0200
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: RE: Ana, só saudades!

Francisco,

Tua obra é uma arte.

"Nisto, a arte, meu caro senhor monge Jorge! Porque só a Arte tem o legítimo..."

Poder da verdade enredada em cantos que o Feitor faz e nela cremos.

E lá fui eu crendo na primeira narrativa e quando vi Alídio me aludia à Vera de remorsos, olhando o Pai. Ah, ele me paga, viu Coronel Feitor?

E vais tecendo a história como tear de mentiras, que é o que faz um verdadeiro/bom escritor (e vai saber se das mentiras, algumas verdades?) e quando vemos, levamos uma bela rasteira num "bordado madrigal". Te ler é ler poesia em forma de conto! E te aplaudo, te beijo e me benzo, porque não é sempre que Djalma, o bibliotecário, entra em cena e se contenta com as interrogações. Ou será, vi demais?

O que fará ele com o que viu, ouviu, presenciou e participou (magistralmente bem agarrado sem direito a dizer sim ou não: tascado lá feito testemunha de Salo que vem pra frente, intuo eu), só o próprio Salo sabe.

Eu aguardo.

E guardo os momentos que vi a vida sendo feita.

Ah, Feitor, o que me fazes!?

Hoje segue um pedaço de meu coração pra ti.

Isso sem contar que dependendo de quem conta uma história, ela pode levar um tipo de recado.

E a memória da humanidade anda suja à beça.

Apesar dele ter dado o tiro em Vera na cara (exata) dura, eu prefiro imaginar que as luzes que se cruzaram são as culpadas dos dois (in)distintos cavalheiros trocarem a gentileza de se revezarem diante do túmulo da Vera de muitos, casada com o Pai das três Veras e tantas, uma infinidade: Marias, Antônias e Franciscas.


Meu abraço junto
ao pedaço
do coração!

E minha saudade também.

Ana

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Adriano Espínola

 

From: Adriano Espínola <adrespinola@uol.com.br>

Date: Sat, 28 Dec 2002 18:52:11 -0200
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Bode!

SF, meu caro:

Em primeiro lugar, meus votos de um feliz 2003. 

Acabo de ler seu texto narrativo. 

Comecei e não parei mais. A narrativa pega. Mas não é linear, requer releitura; uma estória como se fosse contada por várias pessoas, com várias versões. Início de um romance? Estou na fila para comprá-lo/lê-lo. 

Se vc. me mandou um bode, digo-lhe que você é um cabra bom da peste. Sua escritura tem essa característica: pega o leitor, atiça-lhe a curiosidade; é arte que transforma o leitor e a realidade. Parabéns.

Abraço, AE


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Gisele Leite

 

Date: Mon, 30 Dec 2002 00:14:43 -0200
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Parabéns pelo bode!

Feitosa, 


só a arte pode fazer comédia de uma tragédia, ou transformar uma tragédia numa comédia. Gostei muito, parabéns... Você é o melhor contador de histórias que já li... principalmente pelas entrelinhas... 

 

                     Abraços cordiais.

                     Gisele

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Rita Brennand

 

Date: Tue, 31 Dec 2002 13:01:19 -0200
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Só a Arte!

Monalisa. 

Coronel, você não prega um prego sem estopa. Na primeira olhada, o indefinido, ambíguo. Qual das histórias ....—? Qual o personagem que —? O monge Jorge defende a lei do sertão?

Quem tem muitas mulheres...em cada uma, as outras...O gemido do aconchego, o cheiro de Vera.
O jeito dengoso de uma das Veras enquanto alisa, mesmo que nas mãos, o cheiro de bode requentado, {o corisco pela janela}
Alídio contou uma história —? A medida que, no decorrer dela, os enfeites e a história recontada.
Veja bem a fotografia desse gesto. Com as mãos lá e cá, pra direita ou pra esquerda,assim Ó...as mãos como quem mede um porco. Só um gênio, sertão,e Ceará. 
O comerciante FILHO SÓ de PAI paga em agrados de castanhas a outra questão. Pagará todas.
Essa história de bode enfeitado... em processo... castanhas, Scotch Whisky .
Tem precisão de muita arte e manha
Fico á espera enquanto o bode se defende. Só a ARTE, Coronel!

Abro os braços, meu beijo também

Rita 

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Emerson Damasceno

 

Date: Tue, 31 Dec 2002 16:36:35 -0800
To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Cronômetro da Vida!

Réquiem de 2002 - Espasmos. É essa a conclusão a que chego em meio às divagações norturnas do último dia do ano. As reminiscências do passado me provam de forma insofismável que somos pequenos átimos de luz na história. 

Percebo que um punhado de anos são somente dias atrás. Fatos acontecidos há algumas décadas parecem-me semanas apenas. Tudo tão vívido e próximo. Imerso nessas reminiscências nostálgicas. Vidas que transcorrem em alguns meses. Frágil tempo, o que dizer-lhe colosso? 

E nessa ode ao passado morto, tão vivo, eu pensava nesse diletantismo notívago, o que dizer sobre o tempo. Eis que recordo da ímpar poesia de Soares Feitosa, mentor do instigante Jornal de Poesia amigo e poeta, Um cronômetro para piscinas, onde percebo que a arte liberta! Talvez mais do que o desabrochar dos grilhões que nos solapam os devaneios. A arte materializa o encontro que não tive, os caminhos que não percorri, este beijo que eu não te dei. Nesse ambiente cujo ilogismo é concreto, o tempo se arrasta sofregamente. 

Um cronômetro para nossas vidas, o tempo nem sempre rege a razão no que a arte não lhe permite. A arte não cria, apenas materializa ao agregar letras, a dor lancinante do poeta. E dor é também o prazer infinito, como diria Schoppenheauer. 

E percebo que quando o Poeta Feitosa estava a agrupar as letras que deram causa a Um cronômetro para piscinas, no alfarrábio de sua escrivaninha, trazia consigo um sorriso nos lábios, murmurando à cumplicidade alguns arremedos que lhe ditava o Coronel, que balançava-se sentado na cadeira de balanço ao seu lado. E quando lhe faltavam palavras era ajudado pelos seus cúmplices de poesia. E vejo que o Poeta fazia do imaginário esse mundo maravilhoso que só a arte liberta. Assim vivemos no Século Cem de Ésquilo. 

E agora enquanto digito estes últimos suspiros de palavra, o Coronel me chega e brada, açoitado com a paráfrase - eu ousaria chamar licença poética - desautorizada, um plágio esdrúxulo dum fato que nunca se deu, mas antes que puxe o gatilho da Lugger que sacara da bainha dos algozes da cultura, ele sorri com os lábios cerrados e me diz: "É doutor, só mesmo a Arte, só ela..."

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Luciano Bonfim

 

Sent: Thursday, January 02, 2003 12:07 PM

To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Re: Um bode natalino




Caro poeta,
este bode dá bode... e como existem deles nos sertões de Crateús e Inhamus. Mas antes, surpresa me causou, e das boas e de vera, não a do coronel, nem a vera nem a surpresa, ao acessar e encontrar e ler as mensagens do/no correio eletrônico, aquele SF, e me surpreendi ainda mais com o pai de chiqueiro...

Após a leitura, fico a imaginar, pensar, cogitar sobre o restante, o já existente e o vindouro, do bode, digo, do cronômetro para piscinas, e por passo à frente, no Salomão (conto? novela? romance?), aguardo o convite para o lançamento, mas antes deste acontecimento, gostaria de outros pedaços deste churrasco de bode, não amarre o bode...

Algumas palavras e expressões, tão nossas, talvez causem estranheza aos de fora ou aos de dentro que estão fora ou que se sentem como tal (O que é ser cearense? é nascer, crescer e padecer por aqui? ou não nascer por aqui e padecer por causa, a favor daqui? Não apenas padecer, pois isto é muito cristão para o meu (anti)gosto... indo além, ou aquém, por exemplo, literatura, o que é literatura cearense, a que é feita por aqui e não nos diz nada ou a que é feita "fora" e nos é tão próxima? Não apenas pela geografia ou pela vizinhança ou por ser compadre ou... 

A sua consegue nos fazer encontrar o Ceará e a sua literatura, "consigo mesma", e´por dentro, sem contudo, mas com tudo. Contudo, não captei, ainda, depois de algumas leituras, por exemplo: a Monalisa integrando o corpo do texto, será ela o resumo de todas as Veras, Marias, Antônias e Franciscas e Zuleicas e Kareninas e Btatvaskis e Bovarys e Lolitas e... de Salomão ou do pai de Alídio ou do próprio, ou do coronel, > por que não do monge?, existem tantos escândalos na história, e recentemente então... 

Mesmo sendo sobre o sertão, ou como você diz 'das brenhas dos  sertanejos' só me lembrei de G.Rosa, quando te referes ao 'garanchal' e a palavra o trouxe a mim,... creio,... que esta voz do texto, é a tua, própria, diria, a tua própria e particular, agora socializada, e como isto me deixa feliz, pois estou farto de pessoas falando com 'línguas" que não são suas. 

Há um trecho, perto do final, quando surge a fala do/de (um) narrador, que não esta claro para mim a sua "intromissão" no texto. Outro, onde estava o monge, até a sua  fala? - sobre a fala do monge, questionando o direito do coronel de enfeitar a versão contada,pergunto, para além do texto, ao autor: a religião não suporta a arte? Nem o conhecimento?, neste momento me lembro de Nietzsche no nascimento da tragédia e na Genealogia da moral, mas essa idéia de colocar um personagem modificando dentro do próprio texto o próprio texto é de esbagaçar as bandas, não a do bode. São duas ou mais possibilidades de contar uma mesma história, é uma "oficina", um ofício, um estudo, Metalinguagem ou meta linguagem e com calma(risos)... lembrei-me de Fantoches do E. Veríssimo, não pela conteúdo ou pela forma, mas por que eu lembrei mesmo, é isso e só. 

Não fiz revisão de nada. Neste caso a dispersão e o sentimento trazido pelo texto com método., nestes casos: Bode revisto é cabrito ou cabra, e não é da peste. 

Soares Feitosa, parabéns pelo seu incansável trabalho em prol da literatura e da vida, e da arte,  que modifica a vida e a própria arte e a arte dos gregos..., mas "onde se lia o mal, leia-se o bem!".

Imenso abraço e cordiais saudações,

Luciano Bonfim

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Rafael Montandon

 

Sent: Sunday, January 05, 2003 11:34 PM

To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Salo e sonetos

Caríssimo Feitosa,

Fui eu, o Rafael, que lhe mandou a mensagem de Feliz Natal e Boas Festas. Aliás, aS mensagenS, como vim a descobrir mais tarde. Desculpe o transtorno: foram complicações envolvendo o servidor eletrônico que me fizeram enviar e-mails repetidos. Obrigado pela resposta gentil.

Excelente o Arquivo de Sonetos de Alckmar dos Santos! Grande aquisição para o JP.

Os novos capítulos de Salomão estão esplêndidos, como sempre. Muito interessante esta história de acompanhar a gênese de um livro passo a passo, capítulo a capítulo. É um privilégio partilhar essa experiência, que o JP nos proporciona. 

O texto sobre o cronômetro de piscinas se sobressai entre os demais; é um dos melhores que já li de sua autoria. Mantenha-me informado sobre o andamento
do "Projeto Salo"!
     

              Um abraço,
                        Rafael

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Erorci Santana

 

Date: Sun, 5 Jan 2003 22:45:53 -0200

To: "Soares Feitosa" <jpoesia@secrel.com.br>
Subject: Facúndia contra a salivamilimétrica


Feitosa, caríssimo,

gostei do conto e do bode.

E acho que a gentileza do convite ainda renderá um poema, que vai principiar mais ou menos assim:

"Quando vens ao Ceará?
Tens um amigo aqui: eu."
E de pronto construí no pensamento
mais esse Paraíso
pra guardar como reserva
no meu vasto coração,
com simplicidade e realeza:
um bode majestoso, um sol ardido,
ao qual chamaram inferno uns flagelados
e uns turistas chamaram arrebol.
Mas Paraíso, sim, que é lugar de eleição:
Um Siarah com poetas Feitosas, Tufics,
Dimas, Florianos, tuaregs,
sustos e suspiros, promissões e rezas,
em que a esperança seja um verso só,
seja um fio d'água no sertão, jangadas,
engenhocas de pau pra marinar
como aquelas talhadas pelos anônimos
homeros de Derek Walcott,
uma palmeira debruçada na marinha
farfalhando sob o vento, uma cantata se elevando
ao céu muito do azul.

Archiabraço amigo do
Erorci Santana

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