Saturnino de Meireles


Tédio

Tudo se acaba aos nossos olhos perto Numa brancura que de ver nos cansa, Como se então de névoas um deserto Se abrisse assim sem luz nem esperança. E nessa névoa que nos deixa incerto E num abismo sem sentir nos lança, Como se o olhar se visse então coberto Sentimos se apagar nossa lembrança. Sentimos um torpor indefinido, Um vago sentimento adormecido Como da morte as frias mãos felinas. E nesse triste desalento infindo De todo o céu sentimos ir fluindo Neblinas e neblinas e neblinas...


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