Silvestre Péricles de Góes
Monteiro
A que deixa posteridade
Quando contemplo as rugas do teu rosto,
fico-me triste e evoco os tempos ídos:
a casa do "Guindaste" (*) num sol-posto...
e meu pai que se foi entre gemidos...
Nove filhos, porém, no teu desgôsto,
foram fanais ou sonhos redimidos.
Nos embates da vida tens composto
o poema dos amores mais queridos.
_Se - filha, irmã, esposa - foste reta,
guiou-te sempre esse materno enleio,
que floria na tua alma predileta.
Mãe ! As ruínas dos anos posso vê-las:
sou, agora, pequeno, no teu seio,
e as tuas rugas brilham como estrelas.
*: Engenho Guindaste: local de nascimento do poeta
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