Marcelo Tápia
céu de mil e uma noites
Se eu
não fosse poeta
seria astrônomo
por certo.
Maiakóvski (trad. Augusto de Campos)
olho o céu e vejo um céu antigo
como aquele que eu tenho comigo
desde que o mundo era o meu umbigo
um céu de tecido azul escuro
com os pontos de luz em furo e uma
meia meia lua de futuro
nesga, um rasgo fino reluzente
numa renda quase transparente
com o vulto do clarão ausente
crescente sobre o pano profundo
que conquista um negrume de fundo
quanto mais e mais cai com o mundo
e se consome o vermelho púrpura
(desvanece a cor à ausência pura)
quanto mais e mais o brilho fura
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *