Marcelo Tápia
pedreira
para Paulo Leminski
o tempo pós
o fez diverso:
pedra
eterna, fixa
dura, pesada
imóvel, muda
cega, surda
mas perene
sólida
como sua vida
poesia pura do tempo
pedra-chama
teimando eternamente
como alma consistente
ascensão e queda
no centro do lago
no mais profundo
no mais escuro
no redemunho
no furo
no fio
o fim
do fio
do furo
do redemunho
do mais escuro
do mais profundo
ao centro do lago
iôiô
acima sem saída
até as margens sem alcance
na descida a ilusão de ascender
aos céus
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *