Terencio Anahory

Porto Grande

Porto Grande baía largada no meio do mar... (Tem lotação para cem vapores!) O perfil montanhoso de Stº. Antão é um tapume dos ventos do noroeste. Monte-Cara e Monte-Verde aguentam firme toda a maresia do Atlântico. Se o mar em crista entra por João Ribeiro e S. Pedro logo vai morrer manso no afago irresistível to teu porto. O ilhéu ficou indeciso a meio caminho do canal como que a querer ser o ponto de ligação entre duas ilhas irmãs. (Sonho de uma ponte majestosa passando ali...) Vapores do norte Vapores do sul Vêm e vão... (Haverá ainda o sino da Companhia? Uma badalada: Vapor de norte Duas badaladas: Vapor do sul.) As luzes de navegação as lâmpadas a néon dos grandes paquetes e as lanternas a petróleo dos veleiros são uma sinfonia de cor... Pirilampos nas noites da baía! Vozes ecoando no meio do mar saindo do fundo das embarcações... Um apito um assobio tomam sonoridades estranhas evocam histórias antigas... De longe em longe um cão ladra e o cholop cholop dos barcos ancorados enche com a sua melodia os espaços vazios. Quando chega a madrugada e os contornos do dia se vão definindo imprecisamente no meio da baía um galo canta a sua canção de aurora.


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