Tomaz Kim


Ladainha Para Qualquer Natal

Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites. Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites: Tumba de carne viva em ódio amortalhada, Anunciando sangue e pranto e morte. Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites. Que esta noite não seja para sempre De fome p'ra lá de tantas portas Como flor viçosa em campa rasa. Que esta noite não seja para sempre De amor vendido a horas mortas E o pudor lembrando e a raiva queimando. Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites. Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites: Chaga aberta, como rubra flor de pesadelo, Escorrendo sangue e pranto e morte. Não seja esta noite, agora e sempre, Igual às outras noites. E seja para sempre esta noite Cheia de graça na terra dos homens. Assim seja


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