Tasso de Oliveira


Noturno


Notturno


tradução: Anton Angelo Chiocchio

Veleiro ao cais amarrado em vago balouço, dorme? Não dorme. Sonha, acordado, que vai pelo mar enorme, pelo mar ilimitado. Se acaso me objetardes que veleiro não é gente e, assim, não sonha nem sente, sem orgulhos nem alardes eu direi: por que haveria de falar-vos do homem triste mas de olhar grave e profundo que, à amargura acorrentado sonha, no entanto, que vive toda a beleza do mundo? Melhor é dizer: Veleiro... veleiro ao cais amarrado, sob as límpidas estrelas. Vela branca é uma alma trêmula, sobretudo se cai sombra do alto abismo constelado. Veleiro, sim, que não dorme mas na silente penumbra sonha, ao balouço, acordado que vai pelo mar enorme, pelo mar ilimitado.


Quel veliero che, ancorato giú nel porto, sembra assorto a cullarsi, forse dorme? No, non dorme. Sogna, desto, di solcare il mare enorme, sogna il mare illimitato. Se obbiettaste che un veliero non é un uomo, non é gente, che non sogna, che non sente, senza fingermi modesto, vi direi: perché parlare di quest'uorno cosi mesto, dallo sguardo aspro e profondo, che, ancorato all’amarezza, tuttavia, ogni bellezza sogna vivere del mondo? Meglio dirvi del veliero che a quel molo sta ancorato sotto un vivo firmamento. La sua vela trema: é un’anima, soprattutto se ombre piovono , da quel baratro stellato. Si, un veliero, che non dorme: sogna ill mezzo all'acqua e al vento, mentre dondola svagato, di solcare il mare enorme, sogna il mare illimitato.


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