Miguel Torga

Brasil

Pátria de emigração, É num poema que te posso ter, A terra — possessiva inspiração; E os rios — como versos a correr. Achada na longínqua meninice, Perdida na perdida juventude, Guardei-te como pude Onde podia: Na doce quietude Da forçada represada poesia. E assim consigo ver-te Como te sinto: Na dourada moldura da lembrança. O retrato da pura imensidade O que dei a possível semelhança Com palavras e rimas e saudade.


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