ai de tanto chorar o poeta 
ai de tanto rir a caneta 
essa danada que justo na hora da partida 
do verbo do poema estonteante 
se quebrou na descida da rua 17. 

Se fosse ao menos sete perfeitos 
setes até que se perdoaria 
a danada da bichinha que se quebrou  
e quietou 
paralisada. A tinta espirrou molenga sobre a folha 
cuspida. 
  

O poeta segui em frente 
além da rua 17. 
Esperou o vento passar e jogou 
o objeto displicente fora. Pegou 
outra caneta no bolsa esquerdo 
da saia. 

Saiu a escrever outro verbo 
nauseante 
na rua enumerada. 45.