Valeria Braga

Valeria Braga - valeri@br.homeshopping.com.br

Poema

Imprimo no poema as minhas letras tatuadas, letras vadias, andarilhas, ciganas sem baralhos. Imprimo a letra da poesia por dentro do ventre e dentro das gavetas, à chave. Do poema, apenas imploro um olhar cheio de desejo, que já sou lua ou nem sei quem sou. Pássaro colorido o poema que voa por sobre os céus da minha cabeça, por sobre o céu da minha boca. E lá vou eu, mastigando as letras, mastigando a palavra que nunca te disse, passando a língua molhada em cada verso de amor ou tristeza, engolindo cada sílaba como se sorve bebida, homem, flor ou criança. Bandida, a poesia que dorme e acorda morta de sono e não me deixa dormir e não me deixa viver e não me deixa. Vem o poema e aperta o gatilho e me fere no peito e me mata, e me deixa mais tonta, mais louca que sou. E te aceito assim, te quero assim, poema de todas as formas como bicho, vida, sol e chão.


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