Vede aquele velhinho esfarrapado
Que, a custo, se aproxima do avarento
E, dando à débil voz um triste aceno,
De fome a se estorcer, pede um bocado.
Mesmo assim, não inspira o seu estado,
De piedade o mais leve sentimento;
Nem lhe presta atenção quem vive atento
Somente no tesouro acumulado.
Velhinho, não maldigas tua sina
Embora que ela seja tão ferina,
Vivas, embora, tão faminto e nu...
Tem compaixão do vil que te despreza:
Volve os olhos aos céus, por ele reza,
Pois é mais miserável do que tu. |