Achando Deus ser preciso
Mais prova do seu amor,
Para a terra apresentar
Deu à criança o sorriso
Uma beleza divina
E deu perfume à flor
Foi preciso Deus criar.
O riso dessa menina
Teus olhos estão doentes?
Com certeza eles merecem:
Moça insensata e vaidosa,
Quantos olhos inocentes
Que te exibes na avenida,
Por esses olhos padecem!...
Que importa a veste custosa,
Se ficas quase despida?
A seta aguda e ferina
Bem pode a morte causar:
Fingindo um gozo vedado
Mas eu quisera, menina,
Canta e ri a meretriz:
A seta do teu olhar.
Mas seu riso depravado
Quanta tristeza não diz!...
Viuvinha, este teu pranto
Aos pés de Nosso Senhor,
O vento que a flor afaga
É por quem querias tanto,
É sagaz explorador:
Ou é pedindo outro amor?
Dessas carícias em paga
Leva o perfume da flor.
Onde há revoltas mais cruentas
Ou ânsia mais incontida...
No berço, fala a inocência,
Do mar nas rudes tormentas,
Há vida, amor e poesia:
Ou nas tormentas da vida?
Mas sempre há mais eloqüência
Na campa muda e sombria. |