À visão da lagoa quieta
uma paz de superfície desabrocha
que a lagoa repousa,
profunda.
As águas conservando
nas entranhas
um último segredo
de afogados,
prematuros desesperos
de afogados,
silenciosas tragédias
de afogados.
Tardias horas:
o repouso da lagoa se embrutece
e as maretas conversam,
e as andanças dos ventos da lagoa
decifram pensamentos e segredos
de afogados.
Falanges de fantasmas suicidas
dispersam o súbito murmúrio da lagoa
que é o seu próprio mistério.
Novamente a tranqüila,
novamente a transparente face da lagoa
se mostra:
e dos mortos aquáticos
o segredo permanece
puro. |