Zila Mamede

Bois Dormindo
                                           à Tomé Filgueira
                  
 
A paz dos bois dormindo era tamanha
(mas grave era tristeza do seu sono)
e tanto era o silêncio da campina
que ouviam nascer as açucenas.

No sono os bois seguiam tangerinos
que abandonando relhos e chicotes
tangiam-nos serenos com as cantigas
aboiadeiras e um bastão de lírios.

Os bois assim dormindo caminhavam
destino não de bois mas de meninos
libertos que vadiassem chão de feno;

e ausentes de limites e porteiras
arquitetassem sonhos (sem currais)
nessa paz outonal de bois dormindo.

 
                                        
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  08  de  Maio  de  1998