Trigal
Por entre noite e noite, essas veredas
para os trigais maduros me acenando.
Despertam-se campinas, precipitam-se
as invenções da luz na ventania.
Por entre lua e lua, essa querência
- um resmungar de espigas conscientes
do retorno às searas, que ceifeiros
já descerraram olhos invernais.
Planície enlourecendo se oferece
e um mar desenha nos pendões crescentes.
Ceifeiros - seus marujos sem navios -
pescam sementes, riscam no amarelo
a saudade dos peixes inascidos
nesse (não mar das águas) mar
de pão. |