Jornal de  Poesia
Lolita Ramirez
Av. Infante D. Henrique, n° 8
8900 – Monte Gordo – Algarve 
P o r t u g a l
 
Livros Editados: 

LÁGRIMAS  - Sonetos - 1954 (esgotado) 
FLORES DO MEU CAMINHO - Poemas - 1967 
SAUDADE - Sonetos - 1985 
SHALOM - Sonetos - 1987 
NAS TUAS ASAS, GAIVOTA – Sonetos – 1995 
 

Maria das Dores Dominguez Ramirez Galhardo Palmeira (Lolita Ramirez)  nasceu em 1929 na cidade algarvia de Vila Real de Santo António - cidade na foz do rio Guadiana e fronteira da vizinha Espanha. É  descendente, por parte de pai e de mãe, de família espanhola. Por este fato,  se sente herdeira das duas culturas. 
Através de sua poesia, Lolita Ramirez, mostra-se-nos transparente, lúcida, apaixonada e devota às coisas em que acredita -  o amor. Os seus amores:  o marido; o pai; a mãe; a família; as crianças; a terra – Algarve; outras terras de Portugal; os amigos; a vida; a língua e a Palavra . 

Licenciada em Filologia Românica, curso que iniciou na Faculdade de Letras de Coimbra e que completou na Universidade de Lisboa, teve sua vida dedicada ao ensino. Aposentou-se neste ano de 1998. Os seus colegas e amigos ofereceram-lhe  um jantar em sua homenagem.  No presente momento,  já aposentada, continua se dedicando à poesia e às artes. Tem vários presépios executados em preciosas minúcias de figuras, tamanhos e materiais diversificados. Alguns destes  trabalhos foram apresentados em exposições 
no Casino de Monte Gordo. [Estas são notícias de 1998] 

Mulher apaixonada e no permanente exercício da arte poética, são da sua autoria :  “Lágrimas” - Sonetos - 1954 ; “Flores do meu Caminho” - Poemas - 1985; “Shalom” - Sonetos - 1987; “Saudade” - Sonetos - 1988; “Nas Tuas Asas Gaivota” - Sonetos - 1995. Participou ainda com 3 dos seus sonetos em  “Breve Antologia da Poesia Feminina Algarvia”- volume I ( Baía Azul - In Nas Tuas Asas, Gaivota; Sobre o Guadiana - In Nas tuas Asas, Gaivota e Balada -In Shalom).

                                          FLORES  DO  
                                          MEU CAMINHO 
 
      Foi-se o inverno! 
      O sol surgiu mais rubro 
      E indulgente 
      Pra despertar a morta Natureza, 
      E em seu loiro esplendor 
      Cor e alma lhe deu 
      Vestindo-a de princesa! 
      Pudesse eu como Tu  
      Vogar no alto mar 
      Dos séculos sem era ... 
      Passa o Inverno 
      E voltas mais bonita, 
      Mais cheia de perfume, 
      Ó Primavera! 
      Da minha vida  
      O sol morno de Abril 
      E o quente sol do Estio 
      Apartando-se vão 
      Com asas de quimera! ... 
      Sem apelo 
      O Outono virá, 
      Depois o frio Inverno 
      Para cobrir de neve o meu cabelo ... 
      Então contemplarei 
      Na histórica ruína 
      De meus anos 
      O Terno ressurgir 
      De muitas primaveras ... 
      Chegará a seu termo a mocidade, 
      Mas que importa, 
      Se da vida o Inverno 
      Será um passo mais 
      Para a longa viagem 
      Rumo ao País Eterno?!  
      Voltam as Estações                         
      No seu rodar infindo. 
      Eu arbustro serei 
      P’ra que nos ramos seus 
      As graças mil de Deus 
      Construam doce ninho. 
      Então a Primavera 
      Nunca mais terá fim  
      Porque as bençãos do Céu 
      São pétalas, são flores, 
      Irreais? Sim, 
      Mas flores, 
      FLORES DO MEU CAMINHO! 
      COIMBRA 

      Tenho saudade da Saudade imensa 
      Que em mim, teimosamente, veio morar ... 
      Saudade, angústia, tédio, dor intensa 
      Morrendo dentro ... até dilacerar. 

      Pedro e Inês... Coimbra em mim se adensa ... 
      E julgo que o Mondego há-de guardar 
      As lágrimas de mágoa tão intensa 
      Que, amargas, derramei pra te encontrar. 

      Coimbra que meus sonhos arrebatas 
      Ao recordar das tuas serenatas 
      As doces melodias que perduram ... 
                                       
      Imortais do amor ... Pedro e Inês ... 
      Dentro de nós se beijam outra vez 
      Sempre que nossos lábios se procuram.                           

                                                                                Saudade, 1985 
      Gaivota 

                       
      Nas tuas asas, contra o céu cinzento, 
      Gótica ogiva de ancestral projeto, 
      Em tuas asas o passado invento 
      E na saudade do porvir vegeto. 

      Nas tuas asas dorme o meu afeto 
      E de entre arminhos plana o sentimento 
      Desse arabesco, que serpeia, inquieto, 
      Num espaço imenso, sensual e lento.   

      Nas tuas asas vou ganhando altura 
      E um esteio de luz distingo, na planura, 
      Quando o limite alcanço, em minha rota. 

      É pergaminho a doce madrugada 
      E minha vida ali ficou gravada 
      Por tuas asas, meu amor, gaivota.

                                                     In: Nas Tuas Asas, Gaivota-1995
 

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Remetente [e homenagem de]:
Irma Cêa Fernandes irma@netgate.com.br>
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