Sandra Falcone
<sandbutc@uol.com.br>
Quem
é Sandra Falcone, a autora?
Sandra é um produto
de nossos tempos. Advogada de razoável transito no mundo de mercado
de capitais, olha o céu espremido da sua janela da Av.Paulista.
Gosta muito de ler livros de direito e de poesias. Durante quase toda sua
vida, ela cultivou essa paixão pela poesia; escrevê-las...
não, só nos tempos de faculdade — Sandra formou-se em Direito
e Letras —, bastava um tempo livre e ela rascunhava sobre tudo e todos:
um olhar, um sorriso, uma passagem engraçada. Mas jogava fora...
Já advogada e principalmente
na maturidade entendia que mundos opostos não se harmonizavam. Volta-se
para os seus contratos; preside assembléia de acionistas. Um dia
(uma longa história) perguntou-se: e por que não dizer? Escreveu
um livro, Retraços de Mulher, e publicou.
Sandra Falcone é uma
mulher que assume a sua feminilidade,de forma natural, em versos.
Nas suas próprias palavras: reduzi-me ao que sou, nem mais, nem
menos.” Conta-se no livro “Retraços de Mulher”, como se fosse
Sherezade de si mesma... (poema de abertura).
Junto com o livro, Sandra
Falcone lançou um CD, dirigido pelo maestro Fábio Cintra,
que se encarregou de escolher 37 poemas , ainda a autora lançou
seu site especialmente criado para divulgar e abrigar outros poetas e sugerir
links de poesia.
Criou também o projeto
Poesia Itinerante. O objetivo é percorrer espaços culturais,
escolas de segundo grau e universidades, de São Paulo e do interior,
incentivando o contato com a poesia de autores novos e consagrados, através
de dramatizações de poemas.
O seu livro é o piloto
do projeto, mantendo uma pequena companhia de teatro, dirigida por Gerson
Esteves e composta de três atores bailarinos (Adriana Azenha, Alessandra
Vertamatti e Jarbas Homem De Mello) . Com esse espetáculo Sandra
Falcone foi uma das representantes do Brasil no Encontro de Poetas da America
Latina, realizado em Havana, no mês de fevereiro deste ano.
Poemas
Gota
a gota - aqui mesmo nesta página
Sherezhade
-
aqui mesmo nesta página
Contra-tempo
-
aqui mesmo nesta página
O
vestido de que mais gosto - aqui mesmo nesta página
Na
minha rua - aqui mesmo nesta página
Pensei que fosse minha - clique aqui
Mulher
-
clique
aqui
Fada
Madrinha - clique aqui
Abaetê
- clique aqui
Menino
de rua - clique aqui
Gota a gota
Deténs
a minha natureza de mulher?
"Não!" — confidenciou-me
a alma —
"consumiram-na"
Foi o desgosto de ver-me
cruelmente despida, ou
o despojo de minha ilusão?
Minha pergunta é
ardilosa!
Opressora, eu!
Também não
é despeito,
só raiva que assola.
Ora! Eu acreditava...
Detrair eu quero.
Assim, gota a gota,
destilo-me de volta
Sherezhade
Pudesse eu,
de alguma forma,
modificar a minha íntima
estrutura de mulher...
Ah, esta ambigüidade
me alucina!
Não saber nada,
absolutamente nada,
apavora, amedronta.
Maldito cotidiano psíquico!
Deixar-me assim,
tomada por todos os mins.
Minha vontade. Minha
imaginação.
Pedaços de mulher.
Espelho de sonhos.
Ah!, quantas e quantas
vezes,
ainda,
Sherezhade de mim mesma?
Contra-tempo
Existe mesmo
esse tempo ?
Que tempo é
esse
se não sinto
mas me marca?
Olho-me no
espelho,
Meu rosto em brocado
diz sim.
Mas o visço
da minha
de minha feminilidade,
diz não.
No bruxuleio
do ficar e estar
o que sinto ( mesmo)
é a caricia
da lágrima rolar.
O vestido de que mais gosto
O vestido de que mais
gosto
é bordado;
um pouco fora de moda,
mas é bordado!
Foi achado por acaso,
num brechó,
estava lá jogado!
As pérolas no desenho
impreciso,
escondidas no branco
já em creme envelhecido,
eram como gotinhas de
saudades
em bordado!
Mas como era bordado
e eu gosto de bordados,
tomei-o para mim.
Sempre que posso,
escondida no meu quarto,
visto o vestido bordado.
E sinto uma saudade!
Não sei se
de para quem foi bordado,
ou de quem,
com tanto esmero, o bordou!
Na minha rua
Na minha rua morava,
faz tempo,
um lindo rapaz.
Sempre que passava
moça da janela
olhava e,
sempre que olhava,
sorria
e, sempre que sorria,
sonhava...
Na minha rua mora,
faz tempo,
um pobre ancião.
Ainda passa e,
Passando,
olha a moça que
sonhava,
sorrindo...
Tão cego, coitado!
Ainda não se deu
conta!
A janela está
fechada
a moça que sonhava,
não sorri, não
olha.
Morreu!
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