Arlindo Barbeitos
Uma língua
é o lugar
donde se vê
o mundo
Vergílio Ferreira
Vozes 
Poéticas da 
Lusofonia
Na minha língua...
cada verso é uma
outra geografia.
Manuel Alegre
 
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Arlindo Barbeitos



por entre as margens da esperança 
/e da morte 
meteste a tua mão 

eu vi alongados nas águas 
os dedos que me agarram 

em lagoa de um sonho 
corpo de jacaré 
é soturna jangada de palavras 
                               /secas 
por entre as margens da esperança 
                               /e da morte 

a sul do sonho 
a norte da esperança 

a minha pátria 
é um órfão 
baloiçando de muletas 
ao tambor das bombas 

a sul do sonho 
a norte da esperança 
 

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Arlindo Barbeitos

longe 
muito longe 
para além 
da cinza destes dias 
em terra de esquecimento 
um jardim é órfão das suas flores 

homens comem sombra 

pela tua mão 
pesado e lento 
corre o sangue dos 
            deslembrados 
roxo como rio 
           de pesadelo 
por 
planura de angústia 
               e capim seco 

em terra de esquecimento 
para além 
da cinza destes dias 
longe 
muito longe 


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.
Arlindo Barbeitos



borboletas de luz 

esvoaçando 
de cadáver em cadáver 
colhem 
o fedor dos mortos em 
vão 

pelos buracos da renda 
                      dos dias 
passam alacres 
do mundo do esquecimento 
ao país da indiferença 
levando consigo 
o pólen fatal 
das flores da guerra 
borboletas de luz 


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