Uma língua
é o lugar
donde se vê
o mundo
Vergílio Ferreira
Vozes 
Poéticas da 
Lusofonia
Na minha língua...
cada verso é uma
outra geografia.
Manuel Alegre
 
VOZES POÉTICAS DA LUSOFONIA
Edição: Câmara Municipal de Sintra
                     Presidente: Dra. Edite Estrela
Organização: Instituto Camões
Coordenação: Alice Brás
                     Armandina Maia
Seleção de textos: Luís Carlos Patraquim
Capa: LPM — Idéias e Acções
Realização gráfica: Gráfica Europam, Ltda.
Mem Martins – Portugal
Depósito legal: 138134/99
Maio, 1999
Patrocinada pela
CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

 

RELAÇÃO BREVE
          Uma "Festa da Língua", em Sintra, que se fixa em antologia de poetas. A relação breve cinge-se no dizer para o que ela não serve. Porque não é temática, nem panorâmica. Porque se propõe, só, a ser reunião de algumas das vozes que se repartem pelas sete ilhas de um arquipélago prenhe de inúmeras variações, ao sabor dos mais inesperados desencontros e espantações, onde se lnterseccionam conjuntos e sub-conjuntos, desidentidades jubilatórias. Cerca de 50 autores assim reunidos segundo disponibilidades da mais diversa ordem, por vezes o tempo, ápice de um contacto e a anuência posterior, porque se quis que fossem poetas vivos, no estrito sentido do termo.

          Se houver tema neste Msaho* então será o da Língua.  Mas de uma Língua retraduzlndo-se, ora cada vez retráctil, ou sibilantemente bífida, agora anqueando-se em crescendo de combinatórias, rítmicas e olorosas pelas várias cores das vogais, como sabemos desde a visão do aventureiro de Harrar. E o desacerto cercá-lo-á, ao Msaho: sons inesperados, ritmos dissonantes, indagações e invocações, desconseguimentos.  Que a achada é vária, de cerradinhas partes que podem ser verdes e supõe tanto de ciência como de fortuna porque Ítaca são uma e muitas, passados que sejam cabos de uma geografia no Tempo, feita de cânones literários, indagações ontológicas, correntes e influências.

          Eu vi o grito em uma luz perdida dentro de uma enseada na garganta — podia dizer.  Vozes entrando pela porta estreita, lusobáquicoquezilentas a ensombrarem os dongos que não são de Caronte as barcas mas arbóreos ventres sobre a pele líquida, navegação do uno.

          Desdobram-se as palavras como adejantes e leves se soltam os panos do corpo, mudas aves pousando nas coisas, debicando-as até à nudez.

          E mordo as imagens.  Salto-as.  Soltá-las é desconseguimento, recusa.

          Há só uma breve relação. Um leão ladeia as portas do teu ânimo de ferro, um quatro de pedra propiciatória, a senhora das tempestades, a musa, a grande e única razão, o oriente em seminal apropriação, hábito da terra, mukai na leveza do luar crescente, a sombra de Helena que as sombras soluçam, meu pai que não amei, a cicatriz que já não desfeia, o livro da noite que por medo não lerei, porque alguma voz são todas as vozes e há uma casca de osso e uma tarde em lpanema e um dia impossível de lilazes.

          Como esta antologia.  Porque todas as antologias são impossíveis — dizem que polêmicas, cheias de equívocos e compromissos — tentação dissonante de descobrir correspondências ou só listar, por uma idéia a propor ao invisível leitor.  Por vezes com despudor, impondo.

          Aqui não. Depondo, digo, de uma só ordem que fascina e que o JLB uma vez propôs, desencadeando, noutro, as palavras e as coisas.

          E nem tentação de ensaiar, dissertar. Um poema lê-se por uma apropriação de sinais que só pode desencadear outro poema.  Ofertando-se mutuamente como queriam os poetas chineses ou em trocas, osmoses, plasma refluindo, sugando-se.

          E eis que neste livro vos não chegam países mesmo que sejam.  Repito: breve relação do Ser no Tempo.  A pastorícia das imagens.**
 

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ANGOLA  
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BRASIL 
    Alberto da Costa e Silva
    Alexei Bueno
    Armando Freitas Filho
    Arnaldo Antunes
    João Almino 
    João Cabral de Melo Neto
    João Lains do Amaral 
    José Alcides Pinto 
    Luís António Cajazeira Ramos
    Paulo Bonfim 
    Ruy Espinheira Filho 
    Soares Feitosa
    Weydson Barros Leal
 
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CABO VERDE 
    Arménio Vieira
    Corsino Fortes
    João Vário 
    José Luís Hopffer Almada
 


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MOÇAMBIQUE 
    Armando Artur
    Eduardo White
    Heliodoro Baptista 
    Jorge Viegas 
    José Craveirinha 
    Julius Kazembe 
    Lourenço de Carvalho 
    Manuela de Souza Lobo 
    Sebastião Alba 
    Virgílio Lemos 
 


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PORTUGAL 
    Ana Hatherly 
    António Ramos Rosa 
    Eugénio de Andrade 
    Joaquim Pessoa
    José Manuel Mendes 
    Luís Filipe Castro Mendes 
    Manuel Alegre 
    Sofia de Mello Breyner Andresen 
    Teresa Rita Lopes 
    Vasco Graça Moura 
    Vergílio Alberto Vieira
    Yvette Centeno 
 

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SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE 


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