Eduardo Alves


Prefácio I, minha surpresa

Eis para mim uma tarefa realmente difícil: analisar justamente aquilo que em mim há de mais analisável, de mais discutível, a poesia. E analisar a poesia de Tony, um dos meus maiores amigos de toda a vida. Tony, que me surpreendeu e escondeu o Mosaico até o último instante, me escolheu para prefaciá-lo e pra me dar essa grande alegria de confirmá-lo poeta. Juro que, antes da emoção, tentarei a coerência.

Prefácio II, a tentativa da coerência

Quem espera ler neste livro alguma poesia corriqueira ou habitante do módico “lugar comum”, decepcione-se: a poesia de Tony tem substância. Não que seja de linguagem hermética, impermeável, esterilizada aos olhos e análises menos preparados à leitura, mas é uma poesia segura, firmada, que reflete a pessoa do autor. E quando se detecta este reflexo, é irreversível (graças a Deus!) o futuro literário de Tony: haverá de ser reconhecido e respeitado em seu ofício. Digo isto com a certeza que a devoção e a entrega de quinze anos da minha vida à poesia me fizeram aprender a ter, uma certeza que quase funciona como algum sentido vital. E, apoiado nisto, posso afiançar minhas impressões sem medo.

É um texto denso, concatenado com as cores, luzes e escuridões emocionais do autor, que reverbera suas experiências e testemunhos do tempo em que vive. Em alguns momentos, lê-se a virulência de um jovem indignado e inconformado com a crueza da realidade do seu povo, e que coloca seu texto a serviço das vozes que bradam por justiça. Mas é uma poesia que também não abandona o lirismo, a doçura da poesia branca e leve, o romantismo lúdico de um apaixonado pela vida. Outra cor deste mosaico é uma vertente filosófica presente em todas as linhas, reflexões de uma maturidade que está se desenhando e fazendo a auto-afirmação do autor legitimar-se ao defender seus pontos de vista: é alguém ganhando o direito de dizer o que sente, simplesmente pelo fato de estar vivo, de sentir e de não entrar em espaços determinados, onde realmente não cabe a função de um poeta, esse operário do surpreendente.

Em versos curtos, diretos, o que indicaria a opção pela síntese, na verdade sugere mil e uma formas de interpretação do que se lê, dando uma liberdade de visão adjacente àquilo que se compreende do texto, mas jamais sinalizando a qualquer afirmação radical ou maniqueísta. Tony opta pela profundidade, abdicando da extensão, do excesso às vezes enfadonho e prolixo de tantos textos que conhecemos. É uma poesia promissora e perfeitamente integrada ao cotidiano de quem a produz, que não quer se explicar em si. Apenas quer existir, e nisto a poesia ganha em grandeza.

Prefácio III, a emoção

Ah, agora sim a minha tarefa está mais fácil. Agora posso licenciar-me da análise e escrever com o coração na ponta dos dedos.

Tony é uma das pessoas mais sensíveis e belas que Deus já fez. Um grande amigo, filho e irmão. Um companheiro dedicado e vigilante. Um “gentleman”. Quem o conhece bem pode afirmar a mesma coisa, quem o conhece pouco jamais discordaria. Sinto-me honrado por ser o escolhido para apresentar seus rebentos ao mundo. Torço pra que eles floresçam e frutifiquem por muito tempo, e que fiquem guardados nas almas de quem os lerem.

Vamos conhecê-lo enfim: ele está totalmente publicado nas próximas páginas, das cores mais brilhantes, feito o sorriso dele.

Ah, meu amigo, meu irmão, Deus existe mesmo. Só ele para ter feito você! Seja feliz, do mesmo jeito que você nos faz.


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