Cacaso
Na vitrola ou no Cd... Cacaso
04.12.2004
Toquinho, Dulce Nunes, Nelson Angelo, Jards Macalé,
Sueli Costa, Novelli, Edu Lobo, Miúcha, Rosa Emília, Maurício
Tapajós, Elton Medeiros, Francis Hime, Sivuca, João Donato, Danilo
Caymmi, João Bosco, Aldir Blanc, Zé Renato... Se houvesse espaço, a
lista seguiria, tantos foram os parceiros musicais de Cacaso. Da
sala de aula na PUC/RJ, onde ensinava Teoria Literária, ele saltou
para as letras de músicas, trabalho de composição numeroso e uma das
maiores contribuições do poeta para a arte popular brasileira.
Como gosta de definir Heloísa Buarque de Hollanda,
Cacaso era poeta em tempo integral. Em 1963, o grupo “Os Cariocas”
gravou “Carro de boi”, uma das tantas parcerias que ele realizaria
com Maurício Tapajós. Três anos depois, em 1966, juntamente com
Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, compôs a trilha
sonora para a ópera popular “João Amor e Maria”, de autoria do
próprio Hermínio Bello de Carvalho.
A ópera, dirigida por Kléber Santos e Nélson Xavier,
teve no elenco Betty Faria, Fernando Lébeis, José Damasceno, José
Wilker e Cecil Thiré, além do quarteto vocal MPB-4, cenários de
Marcos Flaksman e encenada no Teatro Jovem. Desta ópera, com disco
lançado pela gravadora Mocambo/Rosemblit, ficaram marcadas “Luta
danada”, “Tira o peixe do mar”, “Tempo bravo”, “Jangada”, “Foi
milagre” e “Não adianta não”, todas em parceria com Maurício
Tapajós, e, ainda, “Modinha”, em parceria com Maurício Tapajós e
Hermínio Bello de Carvalho.
Quatro anos depois foi a vez do grupo Os cinco
Crioulos, integrado por Paulinho da Viola, Elton Medeiros,
Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho e Nelson Sargento,
gravarem “Aurora da Paz” (parceria com Elton Medeiros) no LP
“Samba... No duro - volume I” (Odeon).
Paulinho da Viola repetiu o gosto pelo poeta em 68,
gravando “Meu carnaval” (Elton Medeiros e Cacaso). Já Elizeth
Cardoso interpretou “Modinha” (com Maurício Tapajós e Hermínio Bello
de Carvalho) no LP “A enluarada Elizeth”. Mas ainda estamos falando
de Antônio Carlos de Brito, já que o poeta ainda não assinava Cacaso.
Na década de 1970, foi um dos principais teóricos e
ativistas da chamada “Geração mimeógrafo”, que editava seus livros
de poesia de forma artesanal.
“Dentro de mim mora um anjo”, uma de suas principais
composições, ganhou a voz de Sueli Costa em 1975, e foi incluída na
trilha sonora da novela “Bravo”, da Rede Globo e, mais tarde,
regravada com sucesso por Fafá de Belém. A partir dessa fase, vários
intérpretes consagrados gravaram Cacaso, como Maria Bethânia (Amor,
amor), Simone (Face a face) - ambas em parceria com Sueli Costa - e
o grupo A Barca do Sol registrou “Cavalo-marinho” (com Nando
Carneiro). Ainda na década de 1970, Olívia Byington regravou
“Cavalo-marinho” (no LP Corra o risco,) e Milton Nascimento regravou
Carro de bois (com Maurício Tapajós) no LP “Gerais”.
A partir de 1976, iniciou-se a parceria com Edu Lobo.
No LP “Limite das águas”, foram incluídas três composições de ambos:
“Toada”, “Gingado dobrado” e “Uma vez um caso”, esta última com a
participação especial de Joyce. Dois anos mais tarde, no disco
“Camaleão”, Edu Lobo incluiu várias parcerias da dupla:
“Descompassado”, “Coração noturno”, “Canudos”, “Sanha na mandinga”,
“Branca Dias” e o sucesso “Lero-lero”. Por essa época, compôs também
em parceria com Edu Lobo a trilha sonora da peça “O Santo
Inquérito”, de Dias Gomes. Logo depois Nana Caymmi gravou “Branca
Dias” (com Edu Lobo) e “Eu te amo” (com Sueli Costa).
No ano de 1978, a gravadora Philips lançou o LP
“Transversal no tempo”, de Elis Regina, com músicas gravadas ao vivo
no show homônimo. No disco constou uma parceria sua com Lourenço
Baeta, “Meio-termo”. No ano seguinte, Lourenço Baeta gravou em seu
primeiro LP, lançado pela Continental Discos, várias parcerias com
Cacaso: “Feito mistério”, “Santa Marina”, “Festa no céu” ,
“Meio-termo” e “Dia dos pais” (com Lourenço Baeta e Sidney Mattos).
Ainda em 1979, Nana Caymmi gravou “Sem fim”, parceria com Novelli.
Na década de 1980, vários outros intérpretes e
parceiros gravaram suas composições: Elba Ramalho, o grupo Boca
Livre, Chico Buarque, Tom Jobim, Djavan, Francis Hime e Joyce. Em
82, Tom Jobim e Miúcha gravaram “Nó cego” (Toquinho e Cacaso). Neste
mesmo ano, a cantora e atriz Beth Goulart, em seu LP “Passional”,
regravou “Cavalo-marinho” e a cantora Amelinha, no LP “Mulher nova,
bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor” interpretou
“Profunda solidão” (Novelli e Cacaso), e Zé Renato, no LP “A fonte
da vida”, incluiu “Volta do mundo” e “A fonte da vida”, ambas
parcerias dele com Cacaso.
No ano de 1987, Olívia Byington gravou “Clarão”,
parceria sua com o poeta. No ano seguinte, foi lançado, pelo Selo
Grapho, o LP “Ultraleve”, de Rosa Emília (sua esposa), disco no qual
o poeta vinha trabalhando desde 1986. Neste trabalho, produzido por
Cacaso, figuram nove composições suas em parcerias com Rosa Emília
(Árvore mágica), Nelson Angelo (Maria Demais e Na subida da
ladeira), Jacques Morelenbaun (Ultraleve), Novelli (Triste Baía da
Guanabara) e Sueli Costa (Dona Doninha). O disco contou com a
participação de Moreira da Silva, interpretando, juntamente com Rosa
Emília, o samba “Deixa o barraco rolar” (Rosa Emília, Nelson Ângelo
e Cacaso) e Sérgio Santos em dueto com a cantora na faixa “Lambada
de serpente (com Djavan), além da faixa “Amambai”, música e letra de
Cacaso.
Os discos comemorativos de vários artistas também
tiveram o nome de Cacaso entre os créditos. O Songbook de Edu Lobo
incluiu “Lero-lero”, interpretada pelo grupo Garganta Profunda.
Aldir Blanc, em 1996, registrou, em seu disco “Aldir Blanc 50 Anos”,
a composição “Vim sambar”, composta por Cacaso, Aldir Blanc e João
Bosco, com interpretação do grupo Arranco de Varsóvia. O grupo Boca
Livre lançou “Song Boca”, disco comemorativo de 20 anos de carreira,
com Chico Buarque interpretando “Feito mistério” (Lourenço Baeta e
Cacaso). No ano seguinte, Nana Caymmi regravou “Chega de tarde”
(Danilo Caymmi e Cacaso) no CD “Resposta ao tempo”, lançado pela EMI.
Ainda neste ano, Ito Moreno interpretou “Lambada de serpente”
(Djavan e Cacaso), no LP “De onde vem o baião”.
No ano passado, Lenine e Francis Hime interpretaram
“Corpo feliz” (Francis Hime e Cacaso), no CD “Brasil lua cheia”,
disco comemorativo dos 40 anos de carreira de Francis Hime.
Em 2004 Rosa Emília no CD “Baiana da Guanabara”
incluiu diversas composições de autoria de Cacaso, entre elas
“Ilha”, “Ave” e “Cresça e apareça”, todas em parceria com Nelson
Angelo. Neste mesmo ano foi finalizado o CD “Sem fim”, produzido por
Pedro Landim e Mário Adnet, disco no qual foram incluídas algumas de
suas composições que se tornaram sucesso, interpretadas pelos
principais artistas da MPB.
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