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Página atualizada em 22.09.1999
Chico Calda
calda@ronet.com.br

CALDA, Francisco Alves de – natural de Bonito de Santa Fé - Pb, nascido em 25.01.50, filho de Solon Alves de Calda e de Firmina Borges de Almeida. Sendo por isso, em sua cidade natal, como é costume na região, conhecido como “Chico de Mestre Solon”. É casado com Geralda Torquato de Calda com quem teve três filhas: Renata, Germana e Caroline. Passou a infância ouvindo o pai recitar, de cor ou lendo, os grandes romances de cordel, que tinha aos montes. Daí o gosto, e, mais tarde, sua inclinação para essa forma de poesia. 

O primeiro poeta lido, aos treze anos, além dos de cordel, foi Augusto dos Anjos. Talvez por isso, também, sua primeira incursão na poesia tenha sido, depois de alguns acrósticos, um soneto intitulado REVOLTA, desabafo solitário sobre o tratamento dispensado pelos médicos ao seu pai, na “Casa do Padre Zé Coutinho”, um abrigo para pobres em João Pessoa, escrito em 05.01.72, assim: 

    Humanos. Mas não têm humanidade 
    Amorosos? Não. São desordeiros 
    Para construir só chegam tarde 
    Para destruir, chegam primeiros 

    Olhos frios, que não mostram caridade 
    Mãos amáveis, anciosas pra matar 
    Sorriso claro, porém cheio de maldade 
    À procura de alguém pra desfechar 

    Um golpe que está sempre armado 
    Só presente. Sem futuro nem passado 
    Seguem assim, sem parar, pela cidade 

    Não pensam que podem chegar ao nada 
    Qual farrapos à beira da estrada 
    Implorando que lhes façam caridade. 

Após este soneto, por longo tempo, nada mais escreveu. Morto o pai a prioridade era sustentar a mãe e mais sete irmãos menores. Com uma vida meio nômade, mas, ao contrário do “artista que vai aonde o povo está”, indo aonde havia trabalho, estudou quando este permitia.Tendo iniciado no Ginásio Comercial Monsenhor Moraes, em Bonito de Santa Fé, continuado no Ginásio Comercial Monsenhor Dantas, em Boaventura, também na Paraíba, concluiu o ginasial em 1972, no Ginásio Santo Antônio, em Barro-Ce. O segundo grau estudou no Colégio Rio Branco, em Fortaleza, formando-se em Direito, em 05.08.83, pela UNIFOR. E, após militar na advocacia, ter exercido o magistério jurídico na Universidade Federal de Rondônia é hoje Juiz do Trabalho, presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de
Jaru-Ro, na 14ª Região. [Set. 1999]
A FORÇA  DA UNIÃO
LEMBRANÇAS DE UM AUSENTE
A TURISTA
SUPERSTIÇÃO
Mais poemas de Chico Calda


 



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Chico Calda
calda@ronet.com.br

A FORÇA  DA UNIÃO
Companheiro que tens agora 
Estes meus versos à mão 
Não os leia só com os olhos 
Mas também com o coração 
Neles eu tento mostrar 
O que se pode ganhar 
Com a força da união 

A união faz a força 
Diz o dito popular 
O peso que um não levanta 
Dois conseguem levantar 
Um só a luta não faz 
Por isso cada vez mais 
Vamos unidos lutar 

Vamos unir nossas forças 
Vamos todos dar as mãos 
Defender nosso direito 
E garantir nosso pão 
Vamos ser homens honrados 
Não vamos ficar parados 
Tendo medo de patrão 

Eles podem ter dinheiro 
Ter poder e posição 
Contudo não têm a força 
Que tem uma multidão 
Organizada e ordeira 
Mas empunhando a bandeira 
Com amor e convicção 

Dizem que uma andorinha 
Sozinha não faz verão 
Analise esse ditado 
Consulte seu coração 
Passe para o nosso lado 
Você também é explorado 
Pela gana do patrão 

O mar essa imensidão 
Que tanto poder encerra 
É o resultado dos pingos 
Da chuva que cai na terra 
É a união dos riachos 
Que descendo rio abaixo 
Nasceu lá no pé da serra 

Uma formiga isolada 
Sozinha não vai avante 
Muitas formigas unidas 
Devoram um elefante 
Numa prova que a união 
Feita com organização 
Só vai nos levar adiante 

Outro exemplo que podemos 
Retirar da natureza 
São as abelhas que dão 
Com união e destreza 
Que do mais amargo fel 
Produzem o doce mel 
Isento de impureza 

Por isso eu o convido 
A uma reflexão 
O que dar mais resultado 
Na sua opinião: 
Ser um trabalhador honrado 
Por todos admirado 
Ou pelego de patrão? 

Alguém pode até pensar 
Em ganhar uma promoção 
Desprezando os companheiros 
Ficando com o patrão 
Fique de logo avisado 
Com certeza o resultado 
É a total rejeição 

Não seja como a hiena 
Que rir  da miséria alheia 
Covardia e peleguismo 
São qualidades tão feias 
Que quem assim se comporta 
Pra mim é pessoa morta 
Não vale um grão de areia 

Até os insetos lutam 
Defendendo seu espaço 
Seja mais que um inseto 
Venha trazer o seu braço 
Mostrando que tem valor 
Morrer se preciso for 
Mas unidos num abraço 

Faça com que o seu filho 
Se orgulhe do pai que tem 
Você sendo um homem honrado 
Ele o será também 
Lute pelo seu direito 
Seja um exemplo perfeito 
De um trabalhador de bem 

Unam-se meus companheiros 
Formem uma só corrente 
Se algum elo fraquejar 
Recupere-o de repente 
Mostre-lhe que a união 
É a maior impulsão 
Para a vitória da gente.



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Chico Calda
calda@ronet.com.br


LEMBRANÇAS DE UM AUSENTE 
(carta) 
 
Caros amigos, a vida 
Muitas vezes é cruel 
Faz com que experimentemos 
O gosto amargo do fel 
O pior é que depois 
De termos provado o mel 

Com voces pude provar 
O gosto de uma amizade 
Tive muitas alegrias 
Horas de felicidade 
Hoje, porém eu amargo 
Tristeza e muita saudade 

Vivemos momentos bons 
De paz e descontração 
De lutas e de vitórias 
De derrotas e de tensão 
São porém esses momentos 
Que dão à vida emoção 

Hoje, aqui tão distante 
De voces caros amigos 
Nas lutas que empreendo 
Um objetivo persigo 
Fazer com que a distância 
Não destrua nosso abrigo 

Abrigo que construímos 
Nas bases da amizade 
Com paredes de justiça 
Teto de sinceridade 
E na pintura pusemos 
As cores da liberdade 

Por isso, mesmo distante 
Conservo meus sentimentos 
E nas horas solitárias 
Me transporto em pensamento 
Para ficar com voces 
Revendo velhos momentos 

Revejo dona MARIA 
Uma mulher valorosa 
Que a todos atendia 
Sempre alegre e prestimosa 
Com sua simplicidade 
E sua risada gostosa 

De dona CÉLIA a lembrança 
É sempre de alegria 
Brincalhona e sorridente 
Sempre assim aparecia 
Todo dia no SINTTEL 
Quando na porta irrompia 

GLORITA logo na frente 
Ficava compenetrada 
Suas tarefas fazendo 
Competente e concentrada 
Mas quando ouvia uma boa 
Dava sua gargalhada 

MAIRLE dona da caixa 
E da contabilidade 
Com competência e lisura 
Demonstrando habilidade 
É um exemplo de ternura 
Um poço de amizade 

FERNANDA e sua risada 
Que de longe a gente ouvia 
Apesar dos contratempos 
Nos transmitia alegria 
É uma pessoa que a mim 
Faz falta no dia-a-dia 

O JOÃO na sua rotina 
Sempre estava atarefado 
Mil coisas para fazer 
E o carro às vezes quebrado 
Procurando solução 
Corria pra todo lado 

O amigo CHICO DO BIL 
Sempre à disposição 
E quando solicitado 
Estava de prontidão 
Panfletos, cópias, jornais 
Despejava de montão 

O COSMO na retaguarda 
Ao João e ao Chico apoiando 
Correspondência e encomendas 
Pra todo lugar levando 
São as pernas do SINTTEL 
Que por seus pés vão andando 

A VERINHA nem se fala 
Só bondade ela transmite 
É tímida porém alegre 
É calma mas não é triste 
Tanta paciência junta 
Noutra pessoa não existe 

O meu caríssimo MOZART 
Competente e prestativo 
Transpira diplomacia 
Porém quando é preciso 
Defende suas idéias 
Fundamentado e incisivo 

Com DELANGE pouco tempo 
Eu cheguei a conviver 
Conhecê-la no entanto 
Me deu o maior prazer 
É uma pessoa que eu 
Jamais irei esquecer 

Na Assessoria de Imprensa 
PAULO e PAULA se combinam 
Ele mais experiente 
Muita coisa a ela ensina 
São dois grandes companheiros 
Que de todos têm a estima 

No DS a ELIENE 
Com a sua simpatia 
Coordena o atendimento 
A partir do meio-dia 
Não só distribui as fichas 
Como também alegria 

Minha querida MARLI 
Está sempre do seu lado 
Atendendo ao telefone 
E anotando recados 
Encaminhando as pessoas 
Para o médico indicado 

REGINA, menina, mina 
É pérola original 
Dá todo apoio aos dentistas 
Passando o material 
A sua introspecção 
Às vezes lhe causa mal 

Meu amigo GUTHEMBERG 
Quase sempre está calado 
Mesmo assim com o seu jeito 
É um gozador inveterado 
Tendo um bolo com glacê 
Todo mundo sai melado 

Dr. MESQUITA ao contrário 
Se não está atendendo 
Fica sentado na sala 
Alguma revista lendo 
E sobre a corrupção 
Seu comentário tecendo 

Já o meu amigo JADER 
Com seu jeito brincalhão 
Enquanto restaura um dente 
Ou usa o boticão 
Tá pensando no depósito 
De coisas pra construção 

ZÉ MARIA quando chega 
O corredor tá lotado 
E vêm os representantes 
Falando pra todo lado 
Mesmo assim atende a todos 
Prestativo e educado 

MENEZES grande sujeito 
Gosta de falar política 
Quando a conversa tá boa 
Mais um pouquinho ele estica 
Pra quem gosta de um bom papo 
Aceita e com ele fica 

FLORÊNCIO quase não fala 
Chega e vai trabalhando 
Terminado seu horário 
Vai logo as coisas arrumando 
Difícil é tirar o carro 
Com o Jader aperreando 

AMÂNCIO  só chega tarde 
Bastante depois da hora 
Mas atende a todo mundo 
Que ainda não foi embora 
Mas se houver precisão 
Fica até o romper d’aurora 

A minha cara SILVANA 
Morena,  bela e altiva 
A todos que a conhece 
Num instante ela cativa 
É digna de um elogio 
De aplausos, palmas e vivas 

Dra. JOANA merece 
O meu mais alto respeito 
Pouco contato tivemos 
Porém aprecio seu jeito 
É uma senhora distinta 
Em quem não se vê defeito 

O SINTTEL na vigilância 
Está bastante seguro 
Com RAIMUNDO vigiando 
Seja no claro ou no escuro 
Não deixa entrar pela porta 
Só deixa pular o muro 

Agora chegou a vez 
De falar das “incelenças” 
Meu amigo CHICO CHAGA 
Sinônimo de paciência 
Porém quando é preciso 
Sabe impor sua presença 

TOMAZ, para alguns “TONTIM” 
De postura bem marcante 
Para os problemas da classe 
Está sempre vigilante 
É o que se pode chamar 
De um líder nato e atuante 

Meu companheiro CAMINHA 
Anda, corre e vai à luta 
Aonde tem microfone 
Entra logo na disputa 
Quando começa a falar 
A platéia lhe escuta 

Meu conterrâneo FRAZÂO 
Paraibano dos “bom” 
Sindicalista de frente 
Brilho de luz de neon 
Enche a veia do pescoço 
Fala que muda de tom 

EDNARD, companheiro 
Bom de mobilização 
Quando chama é atendido 
Quando fala dá lição 
Se a luta é infrutífera 
Defende a conciliação 

Pra terminar estes versos 
Que fiz dos meus sentimentos 
De tristeza e de saudade 
Brincadeiras e lamentos 
Com a maior alegria 
Faço seu encerramento 

Alegre por ter brincado 
Como eu fazia aí 
E com a minha alegria 
Um pedestal construi 
De ouro, prata e brilhante 
Somente para  VIVI 

Desculpem se esqueci 
Algum companheiro nosso 
Com a cabeça que estou 
Lembrar de todos não posso 
Adeus e um grande abraço 
Desse companheiro vosso
 



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Chico Calda
calda@ronet.com.br


 A TURISTA 
Era de manhã, bem cedo 
Por volta das cinco horas 
Quando acordei percebi 
O meu amor foi embora 
Desde aquele minuto 
Quando seu nome  escuto 
No peito coração chora 

Fiquei a me perguntar 
Aonde foi que errei 
Desde que a conheci 
Somente a ela amei 
E tudo que me pedia 
Com presteza lhe atendia 
Pra ela nada neguei 

Dei-lhe uma casa grande 
Telefone celular 
Um carro último tipo 
Para ela passear 
Aonde quer que andasse 
Ia sempre de Versace 
Brinco, anel e colar 

Viagens para a Europa 
África, Oceania 
Ásia, Estados Unidos 
Tudo ela conhecia 
Até o “Taj Mahal” 
Em Veneza o carnaval 
Chegou a brincar um dia 

Depois de muito sofrer 
De chorar minha tristeza 
Encontrei um cartão dela 
Escrito com bem clareza 
Dizendo: vou viajar 
Conhecer o Ceará 
Te espero em Fortaleza 

Pelo cartão descobri 
Meu erro até grosseiro 
Aquela mulher que já 
Viajara o mundo inteiro 
Ainda não conhecia 
O melhor lugar que havia 
O Nordeste brasileiro
 


 



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Chico Calda
calda@ronet.com.br


 SUPERSTIÇÃO
Sexta-feira, treze de agosto 
É dia que dá desgosto 
Muita gente acredita 
Dia de bruxa, de duende, de caipora 
- Menino, não vai pra fora 
Maria grita 

Toma cuidado, José 
 Tem uma escada 
Aí fora na calçada 
Vê se não passa por baixo 
Pois dá azar 
E tu corres grande risco 
De em ti cair um corisco 
Ou deixares de ser macho 

Se no caminho 
Encontrares gato preto 
Isso, aí sim, é espeto 
Faz logo o Pelo Sinal 
Reza o Credo, Pai Nosso, Ave Maria 
E pede para o teu guia 
De ti afastar o mau 

Presta atenção, menino 
No que te falo 
Se a galinha cantar de galo 
A teu santo pede ajuda 
Pé-de-coelho, figa, trevo, ferradura 
E põe atrás da orelha 
Um raminho de arruda 

Rasga-mortalha 
Rasgando na cumeeira 
É a hora derradeira 
De alguém se aproximando 
Se não houver, em volta 
Ninguém doente 
Um amigo ou um parente 
É tua vez que está chegando 



 


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