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 Camilo 
Martins Neto 
                                  
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            
             
            O melhor presente de natal de 
            mamãe 
  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            O Natal sempre é 
            uma oportunidade para grandes acontecimentos, grandes eventos, 
            programas, peças teatrais, enfim, e até uma média para alguns, 
            distribuindo presentes, se fazerem passar por bonzinhos, quando na 
            verdade a intenção é outra completamente diferente, estão 
            interessados em, posteriormente, colher dividendos. 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Assim, era Natal 
            e minha mãe foi convidada para fazer parte em uma grande festa que 
            aconteceria no estádio de futebol, Albertão, em Teresina, e que um 
            grande empresário, homem “muito bom” estaria descendo no campo, de 
            helicóptero, vestido de papai Noel e distribuiria milhares de 
            presentes, para todos que quisessem e fossem até lá, na grande festa 
            em benefício das crianças pobres... 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Nós fomos até 
            lá, afinal de contas, era algo diferente, nem sempre tinha alguém 
            tão “bom” fazendo um gesto generoso daqueles no Natal! E nós éramos 
            pobres, nem sempre os pais tinham dinheiro para comprar presentes de 
            Natal para nós. 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Quando chegamos 
            lá, eu fiquei deslumbrado! Era algo fantástico! Eu nunca havia 
            entrado num estádio e lembro-me que meus primos se entreolharam 
            encanfifados com toda aquela grandeza e beleza! Nós ficamos na 
            arquibancada enquanto mamãe se dirigiu até os vestiários onde de lá 
            sairia pelo túnel já dentro do campo vestida de anjo para incenar, 
            com tantas outras pessoas, a peça que fazia parte do espetáculo, 
            onde, depois, Papai Noel apareceria, descendo do helicóptero e não 
            do tradicional trenó puxado por suas renas...( fiquei decepcionado 
            ). 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Eu queria ficar 
            perto da minha mãe e por isso fugi, de onde estávamos sendo cuidados 
            por minha irmã mais velha, Mariluce e escalei escadas e muretas, 
            passei por cima de pilhas de tijolos e pedaços de ferros e mais 
            muretas até que finalmente consegui chegar bem do lado do túnel por 
            onde mamãe sairia e ali fiquei... fiquei... até que todos os 
            participantes da peça saíram, mas eu não reconheci mamãe e percebi 
            que além de estar num lugar que não devia eu estava perdido, já que 
            era uma multidão e eu não sabia mais onde meus irmãos e primos 
            estavam e nem eles sabiam onde eu estava ou o que estava fazendo 
            naquele momento! 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            O programa 
            terminou todos começaram a sair e eu comecei a chorar, desesperado, 
            sem presente, sem entender nada, pois nem pude prestar atenção no 
            que foi encenado, porque estava em pânico, pensei por um momento que 
            nunca mais iria ver meus irmãos, pai, mãe, primos e amigos e as 
            lágrimas nos olhos não me deixavam enxergar direito. 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            De repente senti 
            uma grande mão pegar à minha mão, olhei e vi o Papai Noel, com sua 
            longa barba me olhar, sentir o meu drama, meu choro e me perguntar: 
             
            - O que aconteceu garoto? Porque você está chorando? Não ganhou 
            presente? 
            - Eu desobedeci minha mãe e saí do lugar que eu estava... 
            - E agora? Perguntou ele – você está perdido? 
            - Sim! - Respondi – e perguntei – O senhor veio do céu? 
            - De certa forma sim – disse ele – sabe eu desci naquele aparelho, 
            chamado de helicóptero, distribui os presentes e agora o programa 
            terminou, estou indo embora! 
            - O senhor pode me ajudar? Indaguei – chorando e soluçando mais 
            ainda 
            - Claro! - Foi a resposta – venha comigo. 
  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            E ele, segurando 
            na minha mão e eu segurando mais forte ainda na dele, tinha medo de 
            soltar e me perder de novo, me levou até à saída, por um atalho, e 
            ficamos esperando todos saírem e entre eles, certamente, sairiam 
            também os meus irmãos e primos e minha mãe, é claro. 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Minha irmã 
            Mariluce com meus irmãos chegaram e eu agradeci ao Papai Noel, que 
            até hoje não sei quer era, talvez fosse o meu anjo da guarda, e me 
            juntei à eles; Mas mamãe não estava, pois quando soube que eu havia 
            sumido, estava desesperada no meio da multidão tentando me 
            encontrar, depois de muito tempo, quando voltou ao local de encontro 
            combinado e que me viu lá, me abraçou forte, chorou, me beijou... e 
            pediu, pelo amor de Jesus Cristo, para que eu nunca mais fizesse 
            isso e me disse baixinho que eu era o melhor presente de Natal dela 
            e que nunca queria me perder... Estas palavras de mamãe me deixaram 
            ainda mais emocionado e até hoje não posso lembrar daquele Natal sem 
            que grossas lágrimas me corram pela face! Muito me conforta saber 
            que eu sou o melhor presente de Natal de Minha Mãe e isso não tem 
            presente nenhum no mundo inteiro que possa substituir. 
  
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