estradeirices.». E quanto à tipologia dos poetas populares, a personagem de Suassuna declara: «Existe o Poeta de loas e folhetos, existe o Cantador de repente. Existe o Poeta de estro, cavalgação e reinaço, que é o capaz de escrever os romances de amor e putaria. Existe o Poeta de sangue, que escreve os romances cangaceiros e cavalarianos. Existe o Poeta de ciência, que escreve os romances de exemplo. Existe o Poeta de pacto e estrada, que escreve os romances de esperteza e quengadas. Existe o Poeta de memória, que escreve os romances jornaleiros e passadistas. E finalmente, existe o Poeta de planeta, que escreve os romances de visagens, profecias e assombrações.» [ Cf.: O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta - romance armorial-popular brasileiro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971, pp. 58 e 68, e 183-184, para cada uma das tipologias mencionadas.]" O texto acima é autoria do prof. Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes - vide ensaio completo aqui mesmo no JP. A classificação é perfeita, tão perfeita que pode e deve ser estendida à Literatura de Estante, termo que ouvi também de Diatahy, em contraponto à Literatura de Cordel. Acho que a discussão principal é a seguinte: a) Cantadores, os do improviso, os da oralidade; b) escritores, aqueles que escrevem poemas, populares ou eruditos, calhamaços ou folhetos. A patente maior, do meu ponto de vista, é a de Cantador! Dos escritores cordelistas diz-se também "poetas de bancada", porque "na banca" - ainda não se usava o bureaux, o birô, nem o computador - era que o poeta compunha o escrito. O bom desta história é que os "poetas de bancada", regra geral, também são cantadores. Rogaciano Leite [pai], por exemplo, foi poeta de estante, poeta popular e cantador. Patativa do Assaré também briga nas três posições. Ronaldo Cunha Lima dizem que também pinica uma viola e corre no improviso — idem, idem no 38. E também José Sarney, com seus marimbondos, informação a confirmar. Em resumo:
parece que a literatura seria assim dividida:
[Do lat. litteratura.] Literatura de cordel.
E que o
poeta pode viajar as três viagens: a Cantoria, o Cordel e o Livro.
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