Caio Porfírio Carneiro

Minha Terra
 
Minha terra 
querida com laço de fita 
eu rimaria sem pressa. 
A minha terra é áspera 
é tempo que se prolonga 
desde avoengos tropéis 
que o sopro do vento não mata 
em espaço tão corrido 
ao embalo desta rede. 
Meu pé borrando a parede 
e o ranger dos armadores 
pra cá pra lá 
pra lá pra cá 
marca o tempo presente 
tic-tac ao correr do tempo 
que firma o mourão na terra 
e com ela perpetua 
currais porteiras campos 
espelhos de águas tranqüilas 
paredes buscando os céus 
pé direito oito metros 
janelas portas rangentes 
alpendre aberto aos caminhos 
retratos que fitam austeros 
esperam muito de mim 
e me eternizam aqui 
na argila deste chão.
 
(Bar Restauradores, 27.01.1995, às 20)

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