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Página atualizada em 3.6.2000
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Diana Damasceno
 
Biografia: 
Crítica literária
  1. Odilo Costa, filho - Um retrato cheio de emoção
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Diana Damasceno

Retrato cheio de emoção 

ODYLO COSTA, FILHO
Cecilia Costa
Relume Dumará, ... páginas
R$ ...
 
in Jornal do Brasil,
Idéias, 3.6.2000


 DIANA DAMASCENO

 A encomenda do retrato biográfico do jornalista, poeta e imortal Odylo Costa, filho para integrar a Coleção Perfis do Rio oferece à autora, Cecília Costa, também jornalista e sobrinha de Odylo, não apenas a oportunidade de redescobrir um mito familiar, mas, igualmente, a de retomar uma discussão particularmente incandescente, a reforma da imprensa no Brasil. 

Para a biógrafa, uma tarefa difícil, assinalada num prólogo onde coloca, de forma lúcida, a impossibilidade de uma abordagem distanciada e a opção por uma moldura narrativa pessoal e afetiva. Lucidez que persiste através de dialogismos com possíveis críticos e leitores, onde verdade histórica é concebida como uma entre múltiplas possibilidades.

 De fato, trata-se de um arranjo de fragmentos selecionados e combinados para dar plausibilidade a uma narrativa estruturada para esse fim, de modo tradicional. A narradora, já conhecendo o fim da história, o desfecho de uma caminhada de vida ascendente e linear, que dá sentido a uma vida, situa o início do próprio relato num momento culminante da existência do cronista político. As minúcias contextuais compõem um horizonte de expectativas correspondente ao cenário carioca que predominava na década de 50.

 Esse panorama é marcado, logo no primeiro capítulo, pela presença de personalidades como Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, José Sarney, Afonso Arinos, Villas-Boas Corrêa e Carlos Castelo Branco na casa de Santa Teresa, onde Odylo e sua mulher Maria de Nazareth mantinham a porta e o coração abertos, além da mesa nordestina farta. Um flashback recupera a linha de tempo interrompida por essa "casa aberta" para retomar a sucessão da narrativa: "Odylo Costa, filho nasceu em São Luís em 14 de dezembro, tempos de guerra". Assim, os primeiros anos de vida do jornalista são apresentados como adequados para construir a identidade futura, em sintonia com a ambição do pai do jornalista de fazer dele um poeta.

 Diversos depoimentos, dentre eles os de Zuenir Ventura e Carlos Leonam, reafirmam a importância de Odylo para a imprensa brasileira. O poeta Ferreira Gullar, entretanto, ao depor para o livro, propõe que a grande reforma da imprensa, regida por Odylo, no JORNAL DO BRASIL, teria acontecido de qualquer maneira. Para Clarisse Costa, "a autoria em torno da reforma tem um quê de bizantino. Jornalista adora uma querela". Querela ou não, esta é apenas uma ponta do iceberg. Odylo Costa, filho foi uma personalidade pública muito mais polêmica do que a narrativa nos deixa entrever. Circulando no meio político, o mesmo Odylo, que era amigo de José Sarney, tirava da prisão ou amenizava penas de presos políticos, em 68 e 69, com a ajuda do general Fiúza de Castro.

 Uma coisa, porém, parece não deixar dúvidas: Odylo Costa, filho foi realmente uma presença fundamental para a imprensa brasileira. Trabalhando no Jornal do Commercio, Diário de Notícias,JORNAL DO BRASIL, Tribuna da Imprensa e nas revistas Senhor,O Cruzeiro, Realidade e Veja criou uma geração de jornalistas, os "Odylo’s boys", que atua até hoje na imprensa.

 Se a autora prometeu uma possível boa história "de uma sobrinha escrevendo sobre um tio, o irmão mais velho de seu pai", ela conseguiu seu intuito. O perfil de Odylo Costa, filho é um relato interessante e carinhoso, particularmente para aqueles leitores que pretendem conhecer melhor as personagens que fizeram a história do Rio de Janeiro, no século 20. Talvez a pressa seja a maior inimiga desta coleção, seja no tempo destinado aos autores para a realização dos livros, seja pelo pouco cuidado na revisão. O perfil de Odylo Costa, filho com certeza merecia mais cuidado.
 

Diana Damasceno é doutora em Teoria da Literatura e diretora da Escola de Comunicação Social do Centro Universitário da Cidade



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