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			Eleuda de Carvalho 
   
			Os amigos de Juvenal
 
  28.03.2005
 
			
 
			Será 
			instalada amanhã a Sociedade dos Amigos da Casa de Juvenal Galeno - 
			Sejuga, criada para ajudar a manter a residência do poeta cearense. 
			O solar, no Centro da cidade, dá abrigo, há quase um século, à 
			cultura e à arte. O presidente de honra da entidade é Alberto 
			Galeno, neto do poeta
 
 
			No meio da balbúrdia do Centro de 
			Fortaleza, entre platibandas repletas de anúncios, vitrines 
			espalhafatosas e o trânsito infernal, quase ninguém repara numa bela 
			casa secular, conservada, apesar dos anos, com sua pintura clara, 
			com detalhes em verde, e lá no alto uma sugestiva lira - instrumento 
			associado há milênios com a arte da poesia. Uma placa metálica 
			informa ao passante que ali foi a residência do poeta Juvenal 
			Galeno. O atual dono da casa é o neto do poeta, o escritor Alberto 
			Santiago Galeno. Amanhã, as portas duplas do solar vão estar abertas 
			para a festa de instalação da Sociedade dos Amigos da Casa de 
			Juvenal Galeno - Sajuga, que virá somar esforços, junto com a 
			Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, para manter vivo este 
			patrimônio comum. 
			A Casa de Juvenal Galeno, fundada em 
			27 de setembro de 1919 pelas filhas do poeta, Nenzinha e Henriqueta, 
			é uma referência cultural da cidade. Nos seus salões e no quintal 
			sombreado por mangueiras centenárias, poetas, escritores, 
			cantadores, folcloristas foram recebidos e acolhidos, em noitadas 
			lítero-musicais que fizeram e continuam a fazer história. A casa, na 
			rua General Sampaio, 1128, quase na esquina da praça José de 
			Alencar, foi palco de saraus e festas memoráveis, principalmente nas 
			décadas de 40 e 50. 
			''É importante, a criação da Sejuga. 
			Quem mantém a casa sou eu, com dificuldade, sou um sujeito pobre. Se 
			for pra desafogar os gastos com a manutenção da casa, é muito bom'', 
			diz Alberto Galeno, esclarecendo que a casa que herdou de seu avô 
			continua a ser um espaço cultural da cidade. ''Agora mesmo, no dia 
			de São José, teve umas 300 pessoas aqui em casa, a Adísia Sá foi 
			homenageada. Teve distribuição de milho verde, canjica, pamonha, 
			estas comidas do inverno. Como sertanejo e devoto de São José, todo 
			ano celebramos o dia dele com festa'', diz Alberto Galeno, que 
			nasceu em Russas. ''Mas me criei pelo Cariri, meu pai era juiz de 
			Direito e mudava muito de cidade''. 
			Alberto Galeno não conviveu com o avô 
			poeta, morto aos 95 anos, em 1931. ''Cheguei em Fortaleza no ano de 
			1935, pra estudar. Em 40, vim morar aqui nesta casa, com minhas 
			tias, Henriqueta e Nenzinha'', conta ele. ''Agora tô A casa também 
			se animou com as conversas picantes do poeta Quitino Cunha, verberou 
			com a poesia de Jáder de Carvalho, com a prosa de Rachel de Queiroz, 
			do contista Moreira Campos, do historiador Raimundo Girão, de Mozart 
			Soriano e muitos outros. 
			Velho, mais velho que o papa. Tenho 88 
			anos''. Da lembrança de rapaz, Alberto Galeno resgata as muitas 
			personalidades que freqüentaram os saraus promovidos pelas tias, 
			também escritoras. ''Patativa do Assaré foi homenageado aqui, o 
			Câmara Cascudo fez conferência aqui, o Leonardo Mota, todo este 
			pessoal. E o Demócrito Rocha era muito amigo de tia Henriqueta'', 
			recorda. A casa também se animou com as conversas picantes do poeta 
			Quitino Cunha, verberou com a poesia de Jáder de Carvalho, com a 
			prosa de Rachel de Queiroz, do contista Moreira Campos, do 
			historiador Raimundo Girão, de Mozart Soriano e muitos outros. 
			Parte do rico acervo bibliográfico foi 
			doado por Mozart Soriano. Somado à biblioteca que pertenceu a 
			Juvenal Galeno, são seis mil preciosos volumes. A residência, de dez 
			cômodos, conta com dois auditórios. O principal, batizado de Juvenal 
			Galeno, com capacidade para 120 pessoas, conta com palco, um piano 
			de meia cauda e uma obra do pintor Otacílio Azevedo. O outro 
			auditório, Nenzinha Galeno, fica no amplo quintal. É lá que 
			acontecem os encontros de cantadores de viola, em noitadas ao luar. 
			A festa de instalação da Sociedade dos 
			Amigos da Casa de Juvenal Galeno acontece amanhã, a partir das 
			19h30min. Na presidência da Sajuga, a escritora Matusahila de Souza 
			Santiago. A curadora da entidade é a desembargadora Gizela Nunes da 
			Costa. O presidente de honra é o ilustre habitante do solar, neto de 
			Juvenal Galeno, o escritor Alberto Santiago Galeno.
 
 SERVIÇO
 Sociedade Amigos da Casa de Juvenal Galeno - Amanhã, às 19h30, festa 
			de instalação da entidade. Rua General Sampaio, 1128 - Centro. Inf.: 
			3231.1448
 
 A casa também se animou com as conversas picantes do poeta Quitino 
			Cunha, verberou com a poesia de Jáder de Carvalho, com a prosa de 
			Rachel de Queiroz, do contista Moreira Campos, do historiador 
			Raimundo Girão, de Mozart Soriano e muitos outros.
 
 
 
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