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Eleuda de Carvalho

eleudacarval@hotmail.com

Poussin, Venus Presenting  Arms to Aeneas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ensaio e resenha:


Entrevistas e reportagens: 


Alguma notícia da autora:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sophie Anderson, Portrait Of Young Girl

 

Albrecht Dürer, Head of an apostle looking upward

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Colle,  The Return, 1837

 

 

 

 

 

Eleuda de Carvalho,

uma rápida noticia

de email, 

12.1.2005


 

Soares Feitosa, querido! Posso chamá-lo Francisco? É o nome do meu irmão mais novo e também do santo de minha devoção.

Adorei os Cururus que recebi do Cléber (que é com K, mas vou deixar assim como você grafou, abrasileirado). Esqueci de falar da biblioteca Cururu na entrevista mas não tem problema: ela vai compor o abre da matéria. Espiando rapidinho, vi lá seu texto sobre o Rudes Brasões do meu querido Virgílio Maia, poeta por quem tenho alta estima, a ele e à mulher, minha bela Côca - que é lá do Parambu, uma legítima beldade inhamúnica.

Veja, fico feliz que só e toda vaidosa por estar nas páginas do JP e o que você quiser incluir, das reportagens que faço, esteja a gosto. Poesia, não, querido amigo, que escrevi umas no verdor dos 20 anos, e não rebolei no mato porque elas representam a mim mesma, são um pouco a minha cara daqueles tempos. Crônicas, arrisco umas, aqui mesmo neste O POVO. Mas creio que me saio mesmo bem é neste mister de jornalista. Está de bom tamanho. 

Sem modéstia, gosto mesmo do efêmero da redação. E ainda me envaideço.

Vamo-nos encontrar sim, pra celebrar a amizade, a poesia, a vida.

Nasci num lugarzinho chamado Perereca, município de Jaguaruana, no meio dia de um sábado, dez de outubro. Quando completei dez meses, viemos pra capital, mamãe era professora - aliás, foi a única neste pedaço de caatinga espremido entre o Jaguaribe e a serra Dantas. Meu pai era um garoto de 17 anos quando nasci. Mamãe era mais velha que ele uns oito anos.

Meu amor à literatura vem de duas fontes, uma, oral, das histórias que tive a sorte de ouvir de uma tia-avó, analfabeta e sábia, dos violeiros que meu avô Elias tanto apreciava. Menina metida, nas férias, eu ficava zanzando entre o copiá e a cozinha: na varanda, os homens conversavam. Quando notavam a magrela de ouvidos atentos - e a conversa derivava pra assuntos proibidos, me mandavam sair. Na cozinha, as mulheres em torno da mesa ou mexendo nas panelas enormes, alumiadas pelo fogo à lenha. mesma coisa. Na hora em que tratavam de assuntos ''de gente grande'', outra vez eu era enxotada. Feito um sapo teimoso, ou melhor, uma legítima perereca, só me aquietava mesmo quando ficava andando sozinha, mergulhada nas idéias mais doidas possíveis, canelinha cinzenta das galhas secas dos matos. A liberdade veio ainda na infância, com uns sete anos, quando aprendi e ler e devorei a biblioteca de minha mãe. Nunca mais parei.

Bem... Depois tem tanta história, uma adolescência de ovelha negra, a saída de casa aos 22 anos, pra morar com amigos da UFC aqui neste bairro do Benfica, onde vivo até agora. Fiz Letras, na UFC, depois, casada, fiz vestibular pra comunicação na UFC. Quase em seguida (e já solteira de novo) entrei no mestrado em Letras e, ao mesmo tempo, aqui no O POVO - era 97: pra fazer um caderno especial sobre santo Antônio Conselheiro. Peguei gosto. Continuo por aqui, fazendo minhas travessias e travessuras.

A foto. Estes dias estou meio aperreada, pra tentar fazer o melhor neste nosso Vida & Arte de domingo. Mas, na segunda, mando-te opções pelo e-mail (não sei como se faz, mas o Charles, aqui do jornal, me ajudará).

Quanto à LER. Tive uma crise violenta, coisa de uns dois anos. Comecei a fazer acupuntura. Não parei mais. São duas sessões por mês, em geral, só pra relaxar (relaxar enquanto me espetam?, mas é isso mesmo). Menino, é uma beleza. Quando sinto que começo a travar de novo - o músculo do braço repuxando, a mão esquerda dormente, a pontada no cotovelo: agulhas específicas para LER, bursite, estas coisas chatas que a profissão e os janeiros nos dão. Agulha para ler!

Volto ao batente, o trabalho me espera. Mas acho que, a partir de agora, tenho mais um amigo para me corresponder.

Beijos solares

Eleuda

Veja a entrevista com Soares Feitosa

Eleuda de Carvalho, dentre outras atividades, é entrevistadora de Cultura do jornal O POVO, do Ceará.
 

 

 

 

 

31/07/2006