Fontoura Chaves
SÃO LUÍS É ASSIM
 
 
lo nel pensier mi fingo,
(Giacomo Leopardi)

"Il paese non è fatto
solo di case, piazze,
strade, ma di storia,
di affeto, di lagrime,
di racordi, che ci accom-
pagnano nel corso della vita"

Uma empatia quase que hipnótica
Torneja cada palmo do seu chão,
Na molduragem, sem favor, exótica,
De régia capital do Maranhão.

Olhada sobre toda e qualquer ótica,
É da cultura a lídima expressão,
Que assim é respeitada a Ilha Histórica,
Que tantos imortais deu à Nação.

Cidade incomparavelmente bela,
Que em becos, torcicolos se escancela,
Com jeito e graça de cartão postal.

Redente heril de poetas, de escritores,
De sábios, de tribunos, de oradores,
Com porte de nobreza imperial.
 

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Fontoura Chaves
MOMENTO
 
 
Beatus ille qui procul negotiis.
(Horácio)

Carpe diem quam
minimum credula postero.
(Horácio)


Caiu a tarde....Pensativa, a terra
Queda, na prece vesperal de estio.
Perde-se a luz que de mistério encerra
A solidão do matagal sombrio.

Estoura o sol pelos grotões da serra,
Num longo incêndio, pelo céu vazio,
E, abrindo as águas, que o fulgor descerra,
Roncando, a lancha vai subindo o rio.

Suspensa ao longe, entre a montanha e o mar,
A capelinha é flor crepuscular,
Que na penumbra se entrefecha e inclina.

E na silhueta, que se esboça e insiste,
Tudo se encanta e vai ficando triste,
na aparição da noite peregrina.
 

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Fontoura Chaves
JEQUITIBÁ ALTIVO
 
 
Quem perdeu a honra,
já não pode perder mais nada.
(Público Siro)

"Um culpado punido é um exemplo para o 
canalha; um inocente punido é ameaça a
todos os homens de bem." 


Não raro, surge, a descoberto,
No colo da chapada...ao pé do rio
Na praça da cidade...em solo incerto,
Vingando, altivo, o céu, num desafio.

Fronde altanada ante o infinito aberto,
Murmura à voz do vento em rodopio.
E ao viajante mostra o rumo certo,
Dando-lhe abrigo sobre um chão sombrio.

Gosto de vê-lo, inteiro, na amplidão,
Em luta aberta com o furacão,
Sem infletir, fronteando os temporais.

Exemplo de quem luta, nesta vida,
Sem se curvar, mantendo a fronte erguida,
Sempre de pé, sem se humilhar jamais.
 

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Fontoura Chaves
RANCHO ILUMINADO
 
Os homini Deus dedit sublime, coelumque
tueri jussit.
(Ovídio Nasão)
 

She solo amore e luce há per confine.
(Dante)

Aventura verdadeira
Vive a sombra hospitaleira
da casinha de sapê.
(Gentil Homem)


 

A minha choça é lá no monte,
Que se perde no horizonte,
Onde o céu deitou no chão.
Fica longe da cidade,
Bem juntinho da saudade,
Num recanto do sertão.

Lá se vive sossegado,
Sob um céu todo azulado,
Tendo em frente um coqueiral...
Como é bom viver assim,
Nessa paz que não tem fim,
No meu rancho sem rival.

Quando a noite, silenciosa,
Vai murchando, como a rosa,
Ao queixoso entardecer
E, na serra, a lua cheia,
Curva a fronte sobre a areia,
Vendo a terra escurecer.

Como é triste a natureza,
Como é linda essa tristeza
Que se espalha como um véu,
Quando o sol desaparece
E a mata, numa prece,
Fica olhando para o céu.

Minha choça, que é de esteira,
Sem ter mesa, nem cadeira,
É, porém, doce mansão.
Tão humilde, muito embora,
Tenho tudo, nela mora
Quem me guarda o coração.

É mamãe do céu Maria,
Que me dá toda a alegria, 
Nessa minha solidão.
E se a lua, na janela,
Vem rezar nos olhos dela,
Tem três céus o meu sertão...
 

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Fontoura Chaves
O COCHICHAR DAS ÁGUAS
 

O pescador sobe o rio,
Sombrio,
No seu barquinho a cantar.
Passa na tolda estirado,
Cansado,
Feliz, em busca do lar.

Sopra uma aragem serena,
Morena,
Da cor da tarde a findar.
Espumas vão fugidias,
Qual dias
Desse barqueiro a cantar.

De vez em quando a gaivota
Dá a volta,
Num voejado cansaço.
Depois se afasta sumindo,
Sumindo...
Na indiferença do espaço.

Distante morre a queimada,
Lavrada,
No capinzal quase inteiro.
Agora é fumo que gira
Na pira
Do enegrecido cinzeiro.

E vai subindo a canoa,
À toa,
Por sobre a esteira das águas.
Lembrando a imagem da vida,
Corrida,
Na correnteza das mágoas.

Sempre que a tarde caía,
Surgia,
Naquele mesmo momento,
Instante em que, longe o sino
Divino
Tinha, na voz um lamento.

Talvez até fosse o canto
Dum pranto,
Ele pensasse, nessa hora...
Mas, levantando o chapéu
Ao céu,
Rezava a Nossa Senhora.

Assim, passava no rio, 
Sombrio,
O pescador a cantar.
Vinha na tolda estirado,
Cansado,
Feliz, em busca do lar.

Um belo dia, porém,
Não vem
E assim, daí por diante...
E o sino, ao longe, tocou, 
Chorou,
No campanário distante...

Se a lua cheia nasceu
E a gente passa no rio,
Junto da rampa do porto,
Fica afirmando que ouviu,
Na cantilena das águas,
Um pranto cheio de mágoas.
É que se pensa no morto,
No pescador que morreu.

 
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Fontoura Chaves
PALHOÇA DE UM LAVRADOR
Hoc in votis.
(Horácio)
De cima lá do monte eu via a redondeza:
O verde prado,
Caído, imenso,
Como um lenço,
Desdobrado,
Ao pé da serra...

A mata, por detrás,
Guardando a solidão.
O céu mais calmo ainda,
Por sobre a terra em paz.

Na planura, o risco de uma estrada,
Sem jeito, mal traçada,
Sumindo-se, apertada,
Nos braços da distância
Vai-se embora....

Vai descalça, subindo, descendo,
Parando e correndo...
Ao longe, um fio de fumaça,
Comprido, sonolento,
Levanta-se da mata,
Tisnando o firmamento.

Sobe de cima lá da choça,
Bem afastada do caminho,
Onde o caboclo fez a roça,
E a tristeza fez seu ninho.

Dessas choupanas  de palha,
Em que a pobreza domina, 
Em que a saudade se espalha
E a lua cheia ilumina.

É o rancho de um lavrador,
Perdido na solidão,
"Parece, ao longe, um botão,
De perto lembra uma flor"...

À porta, o chão bem ciscado,
Onde o caminho, cansado,
Não pôde quase chegar.

Em volta dessa palhoça,
Toda a extensão é da roça
De cana, milho e de arroz.

De meansaba e de esteira,
A casa tosca, no chão,
É bangalô de primeira.

Basta uma rede de malha,
Nesse oratório de palha
De folha só de palmeira,
Em que formosa e brejeira,
No altar do amor se agasalha
A sertaneja que encanta,
Linda cabocla faceira,
Com jeito e rosto de santa.
 

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Fontoura Chaves
BABAÇU — A PALMEIRA DO MARANHÃO
 
Quando zombar da tradição, lembre-se de
que, voltando da lua, os astronautas
foram saudados e saudaram como se 
usava na Babilônia.
(Câmara Cascudo)
Velha palmeira, com tua figura ereta,
queda e majestosa, como a de um velho
guerreiro petrificado.
(Afonso Arinos)

Razão é que só peça razão,
Justo é que só peça justiça.
(Antônio Vieira)

A Ilha inteira e o continente habita,
Torneja o Estado em cada direção,
Essa palmeira que é a mais bonita
E mais comum em todo o Maranhão.

Vista de longe, quando ao vento agita
As verdes palmas, curvas, para o chão,
Por Deus que até parece um eremita,
Fazendo ao solo genuflexão.

Mas, em que pese a mística aparência,
Tem do gigante a estirpe e a resistência,
Resiste ao fogo e a tempestade vence.

É o símbolo maior, tenho certeza,
Que espelha, assim, com graça e com nobreza,
A intrepidez do povo maranhense.
 

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Fontoura Chaves
A FICÇÃO TEM  LIMITES
 

[In Jornal do Brasil, Idéias, 
08.01.2000]
 
 

“Um Deus que nós compreendêssemos deixaria de ser Deus, porque caberia no cercado de nosso quintalzinho cerebral: seria do tamanho do círculo de nossa inteligência.

   Se Deus fosse um ser que não ultrapassasse o Q.I. humano, seria simplesmente um homem a mais. É próprio de Deus ser inatingível a todo limite, a tudo que é mensurável. Portanto é próprio de Deus ser inabordável a todo conhecimento que não seja Ele mesmo.” (João Mohana, in Plenitude Humana).

   O gênero literário, conhecido por ficção é, sem dúvida, uma espécie de fantascópio do mais longo e largo alcance, de que sempre se valeram os mestres da prosa e do verso, à tona  de todos os tempos. Triste, insuportavelmente, triste a literatura de um povo cujos autores não fossem capazes de acorrentar o público ledor à magia e à sedução desse que sempre foi o mais encantador dos mundos - o mundo estonteante do faz-de-conta. Talvez por isso Anatole France, ao escrever o Lírio Vermelho, se tenha dado pressa a oracular:

“Sem se iludir, a humanidade pereceria de desespero e de tédio”.

    Nada mais compreensível. Afinal de contas só os definitivamente mortos já não se iludem mais, exatamente, porque perderam a capacidade de sonhar, desimportando a circunstância de estarem ou não debaixo da terra. Somente os que ainda não substituíram os sonhos pelos lamentos são capazes de iluminar a alma e o coração a seus leitores através da fantasia criadora, do fabulário encantador, da criação imaginária, da simulação inocente dessa que é, sem sombra de dúvida, a prestidigitação da realidade do irreal.

   Estas considerações não se devem prefigurar inexpertas. Muito ao reverso, vêm a talho para forrar à necessária análise a carnadura de duas modalidades de ficção que ontológica e metodologicamente se extremam: uma funciona à feição de veio explosivo que escachoa em borbotões, transformando o ficcionista no mais categorizado mago da nobre arte de fingir, de inventar, de simular, de encantar, de divertir e entressonhar. 

   A outra nem ficção é, por isso que não passa de simulacro da primeira, só se assemelhando mesmo a um esguicho  de cloaca de águas ludras, porque outra coisa não intenta nem busca senão macular, contaminar, denegrir, emporcalhar a imagem, decompor a respeitabilidade, em suma, a honra externa ou reputação, que é um direito subjetivo absoluto a que todos, sem exceção, têmos o dever-jurídico de respeitar e não malferir. À evidência que esta não é   a ficção propriamente dita, mas o espectro da ficção, a licenciosidade, em suma,  dereismo, sem sombra de dúvida, sempre e sempre usitado como tática de escolha de escritores a cujo pelame  vão espalhando seus pontos de vista,  sua ideologia, sua crença aventurosa. 

   Alinha-se nesta craveira, afina-se neste diapasão, o assim cognominado  “EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO”, escrito pelo Sr. José Saramago, autor lusônio, que, em virtude desse texto pático, fora escarreirado de Portugal para a Espanha, não sendo muito que se diga que, em sua terra, todos os exemplares do famigerado “Evangelho”, foram queimados em praça pública por determinação de uma prefeita logarenha.

   O Sr. José Saramago, mais conhecido dentro e fora de Portugal em razão de seu ateísmo confesso e de sua pregação inteiramente voltada para o Sol de Moscóvia, valeu-se de destorcida ficção para escoucinhar o nome e a imagem de Cristo Jesus, de Nossa Senhora e de São José, colocando-os em rota de colisão com o texto revelado pelos hagiógrafos inspirados: São Lucas, São João, São Mateus e São Marcos, já à roda do terceiro milênio.

   Ateísmo e comunismo: exonero-me de aprofundar o desdobramento da controversa díade, seja em sede filosófica, seja sob a angulação político-social. Abalanço-me, apenas, a recordar que o ateu ou incréu, valendo-se exclusivamente do limitado alcance de sua inteligência, não se peja de assoalhar que  não acredita em Deus,  porque, segundo apregoa, nunca o viu com os próprios olhos e nunca o tocou com as próprias mãos.

   Deveras bisonho esse tipo de raciocínio só superável mesmo pela ausência daquela acuidade mental tão manifesta nos Aristarcos membrudos que se intitulam de   livres-pensadores de libré. Sem embargo de serem tão anchos de si, ainda não atinaram até hoje  para esta diferença existencial: fé não se confunde com o sentido da visão. Fé não é corolário de nossa representação sensorial. Fé não é arremate de nossa percepção intelectiva, por mais laboriosa que possa ser. Fé não é um fenômeno racional. Em suma, fé não é teoria. é convivência existencial.

   Mesmo assim, se os ateus, por coerência se valessem da filosofia, e através dela, dessem rápido mergulho na “Teoria do Conhecimento”, logo e logo se convenceriam de que nada existe no  nosso intelecto que não tenha passado  pela porta traiçoeira de um dos cinco sentidos( nihil est in intelectu quin prius non fuerit in sensu).  Não fora assim, a própria ciência do direito e a temperança pretoriana dos Colégios Judiciários dos países civilizados jamais teriam enfocado a conhecidíssima praesumptio hominis.

   Para alguém acreditar em Deus é inconcesso o empenho ou auxílio exclusivo dos olhos do corpo. É frustra toda e qualquer tentativa de tocá-lo com os dedos das mãos. Acredita-se em Deus, porque Ele se revelou, pessoalmente, ao povo hebreu, no Antigo Testamento, e no Novo, através de Seu Filho Unigênito, que inaugurou   a nossa história, pois é a partir dEle que se contam os milênios, até a consumação dos séculos.

   Nessa conformidade, acredita-se em Deus uno e  trino não por força de uma evidência, mas por um ato de adesão, de assentimento à palavra de Deus que não se engana e nem pode enganar-nos. (Nec falli nec fallere protest).

    De qualquer forma, o Sr. José Saramago, na condição de ateu, só acredita mesmo no que está ao alcance dos traiçoeiros sentidos da visão e do tato. Na qualidade de ideólogo, se mostra coerente em adotar a mesma crença, tanto desvaliosa quanto perdidiça: até hoje não conseguiu explicar que a ideologia que professa e apregoa, durou apenas 70 (setenta) anos, enquanto o cristianismo que insulta e denigre, cuspinhando-o com blasfêmias e heresias e mentiras, continua inteiriço, infrangível, vitoriado, rumo já ao terceiro milênio.

    Tamanha a sua ceguidade que, sequer, até hoje, é incapaz de explicar a derrocada do comunismo no mundo inteiro. Muito menos, atinou que a foice e o martelo, outrora, brasonados nos pavilhões da carrancuda “Place Rouge”  despencaram de vez. 

   Pena que ainda não se convenceu, com seus “olhos infalíveis” de que acabou ali para sempre o “Túmulo de Lenin”(est fini Le Tombe de Lenin), escancarando-se, de par em par, os frontões da Rússia com a Perestróica e com a Gladnost, para a liberdade e para a democracia.

   Somente mesmo quem confunde ficção com dereismo é capaz de agredir os cristãos do mundo inteiro, naquilo que todos temos de mais sagrado: a pessoa de Jesus Cristo, a Segunda da Santíssima Trindade, que se encarnou no ventre da Virgem Maria, e com o próprio sangue, reabilitou, pregado na cruz infamante, a raça humana, decaída no berço das gerações.

   Contrariando as Sagradas Escrituras, seja no Velho ou no Novo Testamento,  só mesmo um ateu comunista teria o desplante de escrever uma obra dessas, e dar-lhe o nome de “Evangelho Segundo Jesus Cristo”, que, na verdade nunca foi evangelho, e muito menos, de Jesus Cristo.

   Aligeirado confronto entre a ficção do Sr. Saramago, engendrada em estilo ramalhudo, ácromo, e a simplicidade do texto sagrado, é indispensável para extremar a mentira, da verdade:

   1- Para o Sr. Saramago, Jesus era um pecador inveterado, de vida dissoluta, vivendo em franco concubinato com Maria Madalena, não passando de simples filho do carpinteiro José e de Maria. Descreve a Jesus, não raro, como se fora um imbecil, um mentiroso, um vagabundo.

   2- Com parelha audácia, declara que  São José era um mau-caráter, um criminoso, mais vil e cruel que o sanguinário Herodes, de sorte que por causa dos crimes que teria praticado, teria sido justiçado com a morte de cruz, à feição de um bandido perigoso.

   3- Descreve Maria, a mãe de Jesus, como se fora uma simples mulher parideira, muito vulgar, e que teria gerado uma ranchada de filhos, inclusive duas meninas, tão avezada que era em insaciáveis coitos com São José, chegando a narrar-lhes o orgasmo , em que dá ressalto novelesco aos espasmos genésicos e os paroxismos agônicos de São José de permeio aos  gemidos cavos de Maria Santíssima.

   Adrede concebido, o seu insultuoso “Evangelho” esparrinha o descrédito no cristianismo.O Sr. José  Saramago lança mão de um dos, senão o mais lindo gênero literário para frontear a palavra de Deus revelada na  Bíblia, na tentativa de pôr em xeque e em choque a missão de Cristo na terra, cuja presença histórica está vinculada a personalidades contemporâneas, a monumentos, cidades, ao Sinédrio, a dominação romana sobre Israel, a Pilatos, Anás, Caifás, Herodes o Grande, ao centurião romano que, após cravar a lança ao peito de Jesus, o proclamou a todos o Filho de Deus.

    Desonesta, incontendivelmente, desonesta a postura de quantos, sob o pelame da ficção, saem, por aí além, a desacreditar, a decompor a honra e  a imagem de quem quer que seja, quanto mais não o fosse a honra e a imagem do Verbo Encarnado no ventre da Virgem Maria, escolhida  por Deus-Pai, ante omnia saecula,  para gerá-lo: corpo de seu corpo e sangue do seu sañgue, de sorte que a ela, somente a ela, Deus-Pai a preservou da mácula original. 

    Ela, somente ela, fê-la Deus mais pura, mais santa que todas as mulheres. Concebeu-a imaculada na sua conceição, no que se inspirou o poeta a dizer: 
“Deus, se quisesse, oh! sim, não poderia, ter outra mãe, mais pura que Maria”. 

     No “evangelho” do  Sr. Saramago, São José não é o pai  adotivo de Jesus, mas o pai biológico que o teria gerado em Nossa Senhora. São José não é casto esposo de Maria , o único filho de mulher a quem as Escrituras Sagradas chamam de “o justo”, consagrado a Deus pelo voto de castidade,  não só por predeterminação divina, mas ainda porque era esse um costume judaico, notadamente, após a existência dos essênios. Tanto isso é verdadeiro que o arcanjo Gabriel se curva diante de Nossa Senhora, anunciando-lhe a gravidez miraculosa; ao mesmo tempo que recebe igualmente de Deus -Pai a missão de, em virtude disso, tranquilizar a São José, dizendo-lhe: 

- “Filho de Davi, não temas receber Maria por tua consorte, pois o que foi concebido é obra do Espírito Santo”. (S. Mateus I, 20-21)

    Sabia São José da virgindade de sua prometida esposa, mas não a  levou aos tribunais, a despeito das recomendações dos textos do Deuteronônio e do Levítico. Tampouco lhe dá  a ela o libelo de repúdio , recomendado pela lei mosaica. 

   E suma: Nossa Senhora é  mãe de Deus-Filho. São José fora apenas o longa manus do Pai Eterno na educação humana de Jesus.

   Só resta agora escolher entre o Sr. Saramago, que se serve da ficção  para propagar sua descrença, suas idéias, ou em Jesus Cristo que se declarou Deus, inclusive, por três vezes, ao diabo que o tentara, quando jejuava quarenta dias e quarenta noites, no deserto:

a) “ Não é só de pão que vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus,”
b) “ Também está escrito: não tentarás ao Senhor teu Deus”; e
c) “Vai-te Satanás, porque está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus e a Ele só servirás” (Mateus, 4, 1 - 11).

   Esse é o Jesus, “Deus de Deus, não gerado, mas consubstancial ao Pai”. Esse não é o Jesus marginal, do “evangelho”, do Sr. José Saramago, sintomaticamente laureado pela Academia Sueca, com o Prêmio Nobel de Literatura, através do qual fora erigido a foros de maior escritor da língua portuguesa.

    Coisa certa é: derruíram-se todos os tronos. Rolaram todos os cetros. Todos se foram tão depresa ! Continuam cheios todos os túmulos ! Só o de Cristo, soberano dos soberanos, permanece vazio.

FONTOURA CHAVES, poeta, escritor, cronista, ensaísta, polígrafo, advogado e professor.
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