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SÃO LUÍS
É ASSIM
lo nel pensier mi fingo, Uma empatia quase que hipnótica
Olhada sobre toda e qualquer
ótica,
Cidade incomparavelmente
bela,
Redente heril de poetas,
de escritores,
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MOMENTO
Beatus ille qui procul negotiis.
Estoura o sol pelos grotões
da serra,
Suspensa ao longe, entre
a montanha e o mar,
E na silhueta, que se esboça
e insiste,
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JEQUITIBÁ ALTIVO
Quem perdeu a honra,
Fronde altanada ante o infinito
aberto,
Gosto de vê-lo, inteiro,
na amplidão,
Exemplo de quem luta, nesta
vida,
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RANCHO ILUMINADO
Os homini Deus dedit sublime, coelumque A minha choça é
lá no monte,
Lá se vive sossegado,
Quando a noite, silenciosa,
Como é triste a natureza,
Minha choça, que é
de esteira,
É mamãe do
céu Maria,
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O COCHICHAR DAS ÁGUAS |
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PALHOÇA DE UM
LAVRADOR
De cima lá do monte eu via a redondeza:Hoc in votis. O verde prado, Caído, imenso, Como um lenço, Desdobrado, Ao pé da serra... A mata, por detrás,
Na planura, o risco de uma
estrada,
Vai descalça, subindo,
descendo,
Sobe de cima lá da
choça,
Dessas choupanas de
palha,
É o rancho de um lavrador,
À porta, o chão
bem ciscado,
Em volta dessa palhoça,
De meansaba e de esteira,
Basta uma rede de malha,
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BABAÇU — A PALMEIRA
DO MARANHÃO
Quando zombar da tradição, lembre-se de A Ilha inteira e o continente habita,Velha palmeira, com tua figura ereta, Torneja o Estado em cada direção, Essa palmeira que é a mais bonita E mais comum em todo o Maranhão. Vista de longe, quando ao
vento agita
Mas, em que pese a mística
aparência,
É o símbolo
maior, tenho certeza,
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A FICÇÃO TEM
LIMITES
[In Jornal do Brasil, Idéias,
“Um Deus que nós compreendêssemos deixaria de ser Deus, porque caberia no cercado de nosso quintalzinho cerebral: seria do tamanho do círculo de nossa inteligência. Se Deus fosse um ser que não ultrapassasse o Q.I. humano, seria simplesmente um homem a mais. É próprio de Deus ser inatingível a todo limite, a tudo que é mensurável. Portanto é próprio de Deus ser inabordável a todo conhecimento que não seja Ele mesmo.” (João Mohana, in Plenitude Humana). O gênero literário, conhecido por ficção é, sem dúvida, uma espécie de fantascópio do mais longo e largo alcance, de que sempre se valeram os mestres da prosa e do verso, à tona de todos os tempos. Triste, insuportavelmente, triste a literatura de um povo cujos autores não fossem capazes de acorrentar o público ledor à magia e à sedução desse que sempre foi o mais encantador dos mundos - o mundo estonteante do faz-de-conta. Talvez por isso Anatole France, ao escrever o Lírio Vermelho, se tenha dado pressa a oracular: “Sem se iludir, a humanidade pereceria de desespero e de tédio”. Nada mais compreensível. Afinal de contas só os definitivamente mortos já não se iludem mais, exatamente, porque perderam a capacidade de sonhar, desimportando a circunstância de estarem ou não debaixo da terra. Somente os que ainda não substituíram os sonhos pelos lamentos são capazes de iluminar a alma e o coração a seus leitores através da fantasia criadora, do fabulário encantador, da criação imaginária, da simulação inocente dessa que é, sem sombra de dúvida, a prestidigitação da realidade do irreal. Estas considerações não se devem prefigurar inexpertas. Muito ao reverso, vêm a talho para forrar à necessária análise a carnadura de duas modalidades de ficção que ontológica e metodologicamente se extremam: uma funciona à feição de veio explosivo que escachoa em borbotões, transformando o ficcionista no mais categorizado mago da nobre arte de fingir, de inventar, de simular, de encantar, de divertir e entressonhar. A outra nem ficção é, por isso que não passa de simulacro da primeira, só se assemelhando mesmo a um esguicho de cloaca de águas ludras, porque outra coisa não intenta nem busca senão macular, contaminar, denegrir, emporcalhar a imagem, decompor a respeitabilidade, em suma, a honra externa ou reputação, que é um direito subjetivo absoluto a que todos, sem exceção, têmos o dever-jurídico de respeitar e não malferir. À evidência que esta não é a ficção propriamente dita, mas o espectro da ficção, a licenciosidade, em suma, dereismo, sem sombra de dúvida, sempre e sempre usitado como tática de escolha de escritores a cujo pelame vão espalhando seus pontos de vista, sua ideologia, sua crença aventurosa. Alinha-se nesta craveira, afina-se neste diapasão, o assim cognominado “EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO”, escrito pelo Sr. José Saramago, autor lusônio, que, em virtude desse texto pático, fora escarreirado de Portugal para a Espanha, não sendo muito que se diga que, em sua terra, todos os exemplares do famigerado “Evangelho”, foram queimados em praça pública por determinação de uma prefeita logarenha. O Sr. José Saramago, mais conhecido dentro e fora de Portugal em razão de seu ateísmo confesso e de sua pregação inteiramente voltada para o Sol de Moscóvia, valeu-se de destorcida ficção para escoucinhar o nome e a imagem de Cristo Jesus, de Nossa Senhora e de São José, colocando-os em rota de colisão com o texto revelado pelos hagiógrafos inspirados: São Lucas, São João, São Mateus e São Marcos, já à roda do terceiro milênio. Ateísmo e comunismo: exonero-me de aprofundar o desdobramento da controversa díade, seja em sede filosófica, seja sob a angulação político-social. Abalanço-me, apenas, a recordar que o ateu ou incréu, valendo-se exclusivamente do limitado alcance de sua inteligência, não se peja de assoalhar que não acredita em Deus, porque, segundo apregoa, nunca o viu com os próprios olhos e nunca o tocou com as próprias mãos. Deveras bisonho esse tipo de raciocínio só superável mesmo pela ausência daquela acuidade mental tão manifesta nos Aristarcos membrudos que se intitulam de livres-pensadores de libré. Sem embargo de serem tão anchos de si, ainda não atinaram até hoje para esta diferença existencial: fé não se confunde com o sentido da visão. Fé não é corolário de nossa representação sensorial. Fé não é arremate de nossa percepção intelectiva, por mais laboriosa que possa ser. Fé não é um fenômeno racional. Em suma, fé não é teoria. é convivência existencial. Mesmo assim, se os ateus, por coerência se valessem da filosofia, e através dela, dessem rápido mergulho na “Teoria do Conhecimento”, logo e logo se convenceriam de que nada existe no nosso intelecto que não tenha passado pela porta traiçoeira de um dos cinco sentidos( nihil est in intelectu quin prius non fuerit in sensu). Não fora assim, a própria ciência do direito e a temperança pretoriana dos Colégios Judiciários dos países civilizados jamais teriam enfocado a conhecidíssima praesumptio hominis. Para alguém acreditar em Deus é inconcesso o empenho ou auxílio exclusivo dos olhos do corpo. É frustra toda e qualquer tentativa de tocá-lo com os dedos das mãos. Acredita-se em Deus, porque Ele se revelou, pessoalmente, ao povo hebreu, no Antigo Testamento, e no Novo, através de Seu Filho Unigênito, que inaugurou a nossa história, pois é a partir dEle que se contam os milênios, até a consumação dos séculos. Nessa conformidade, acredita-se em Deus uno e trino não por força de uma evidência, mas por um ato de adesão, de assentimento à palavra de Deus que não se engana e nem pode enganar-nos. (Nec falli nec fallere protest). De qualquer forma, o Sr. José Saramago, na condição de ateu, só acredita mesmo no que está ao alcance dos traiçoeiros sentidos da visão e do tato. Na qualidade de ideólogo, se mostra coerente em adotar a mesma crença, tanto desvaliosa quanto perdidiça: até hoje não conseguiu explicar que a ideologia que professa e apregoa, durou apenas 70 (setenta) anos, enquanto o cristianismo que insulta e denigre, cuspinhando-o com blasfêmias e heresias e mentiras, continua inteiriço, infrangível, vitoriado, rumo já ao terceiro milênio. Tamanha a sua ceguidade que, sequer, até hoje, é incapaz de explicar a derrocada do comunismo no mundo inteiro. Muito menos, atinou que a foice e o martelo, outrora, brasonados nos pavilhões da carrancuda “Place Rouge” despencaram de vez. Pena que ainda não se convenceu, com seus “olhos infalíveis” de que acabou ali para sempre o “Túmulo de Lenin”(est fini Le Tombe de Lenin), escancarando-se, de par em par, os frontões da Rússia com a Perestróica e com a Gladnost, para a liberdade e para a democracia. Somente mesmo quem confunde ficção com dereismo é capaz de agredir os cristãos do mundo inteiro, naquilo que todos temos de mais sagrado: a pessoa de Jesus Cristo, a Segunda da Santíssima Trindade, que se encarnou no ventre da Virgem Maria, e com o próprio sangue, reabilitou, pregado na cruz infamante, a raça humana, decaída no berço das gerações. Contrariando as Sagradas Escrituras, seja no Velho ou no Novo Testamento, só mesmo um ateu comunista teria o desplante de escrever uma obra dessas, e dar-lhe o nome de “Evangelho Segundo Jesus Cristo”, que, na verdade nunca foi evangelho, e muito menos, de Jesus Cristo. Aligeirado confronto entre a ficção do Sr. Saramago, engendrada em estilo ramalhudo, ácromo, e a simplicidade do texto sagrado, é indispensável para extremar a mentira, da verdade: 1- Para o Sr. Saramago, Jesus era um pecador inveterado, de vida dissoluta, vivendo em franco concubinato com Maria Madalena, não passando de simples filho do carpinteiro José e de Maria. Descreve a Jesus, não raro, como se fora um imbecil, um mentiroso, um vagabundo. 2- Com parelha audácia, declara que São José era um mau-caráter, um criminoso, mais vil e cruel que o sanguinário Herodes, de sorte que por causa dos crimes que teria praticado, teria sido justiçado com a morte de cruz, à feição de um bandido perigoso. 3- Descreve Maria, a mãe de Jesus, como se fora uma simples mulher parideira, muito vulgar, e que teria gerado uma ranchada de filhos, inclusive duas meninas, tão avezada que era em insaciáveis coitos com São José, chegando a narrar-lhes o orgasmo , em que dá ressalto novelesco aos espasmos genésicos e os paroxismos agônicos de São José de permeio aos gemidos cavos de Maria Santíssima. Adrede concebido, o seu insultuoso “Evangelho” esparrinha o descrédito no cristianismo.O Sr. José Saramago lança mão de um dos, senão o mais lindo gênero literário para frontear a palavra de Deus revelada na Bíblia, na tentativa de pôr em xeque e em choque a missão de Cristo na terra, cuja presença histórica está vinculada a personalidades contemporâneas, a monumentos, cidades, ao Sinédrio, a dominação romana sobre Israel, a Pilatos, Anás, Caifás, Herodes o Grande, ao centurião romano que, após cravar a lança ao peito de Jesus, o proclamou a todos o Filho de Deus. Desonesta, incontendivelmente, desonesta a postura de quantos, sob o pelame da ficção, saem, por aí além, a desacreditar, a decompor a honra e a imagem de quem quer que seja, quanto mais não o fosse a honra e a imagem do Verbo Encarnado no ventre da Virgem Maria, escolhida por Deus-Pai, ante omnia saecula, para gerá-lo: corpo de seu corpo e sangue do seu sañgue, de sorte que a ela, somente a ela, Deus-Pai a preservou da mácula original. Ela, somente
ela, fê-la Deus mais pura, mais santa que todas as mulheres. Concebeu-a
imaculada na sua conceição, no que se inspirou o poeta a
dizer:
No “evangelho” do Sr. Saramago, São José não é o pai adotivo de Jesus, mas o pai biológico que o teria gerado em Nossa Senhora. São José não é casto esposo de Maria , o único filho de mulher a quem as Escrituras Sagradas chamam de “o justo”, consagrado a Deus pelo voto de castidade, não só por predeterminação divina, mas ainda porque era esse um costume judaico, notadamente, após a existência dos essênios. Tanto isso é verdadeiro que o arcanjo Gabriel se curva diante de Nossa Senhora, anunciando-lhe a gravidez miraculosa; ao mesmo tempo que recebe igualmente de Deus -Pai a missão de, em virtude disso, tranquilizar a São José, dizendo-lhe: - “Filho de Davi, não temas receber Maria por tua consorte, pois o que foi concebido é obra do Espírito Santo”. (S. Mateus I, 20-21) Sabia São José da virgindade de sua prometida esposa, mas não a levou aos tribunais, a despeito das recomendações dos textos do Deuteronônio e do Levítico. Tampouco lhe dá a ela o libelo de repúdio , recomendado pela lei mosaica. E suma: Nossa Senhora é mãe de Deus-Filho. São José fora apenas o longa manus do Pai Eterno na educação humana de Jesus. Só resta agora escolher entre o Sr. Saramago, que se serve da ficção para propagar sua descrença, suas idéias, ou em Jesus Cristo que se declarou Deus, inclusive, por três vezes, ao diabo que o tentara, quando jejuava quarenta dias e quarenta noites, no deserto: a) “ Não é
só de pão que vive o homem, mas de toda a palavra que sai
da boca de Deus,”
Esse é o Jesus, “Deus de Deus, não gerado, mas consubstancial ao Pai”. Esse não é o Jesus marginal, do “evangelho”, do Sr. José Saramago, sintomaticamente laureado pela Academia Sueca, com o Prêmio Nobel de Literatura, através do qual fora erigido a foros de maior escritor da língua portuguesa. Coisa certa é: derruíram-se todos os tronos. Rolaram todos os cetros. Todos se foram tão depresa ! Continuam cheios todos os túmulos ! Só o de Cristo, soberano dos soberanos, permanece vazio. |
FONTOURA CHAVES, poeta, escritor, cronista, ensaísta, polígrafo, advogado e professor. |
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