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A SOLIDÃO É
UMA ESTRADA
O ocioso é como um relógio sem
A solidão é
uma estrada,
A solidão é
uma estrada,
A solidão é
uma estrada,
A solidão é
uma estrada,
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SAUDADE
...Eu que fui matar saudades
Êxtase suave de um
pungir intenso,
Doce presença de uma
ausência amara,
Filha da dor...do amor. O
ser tristonho,
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O BOA-VIDA
Não importa se o gato é branco ou preto.
Tem do califa o jeito, e
até parece
Dos sonhos, ilusões,
percorre o mundo,
Embora se intitule um aprendiz
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VERGONHA NACIONAL
Com jeito de carrasco, o sol dá gargalhadas,Ipse miserrima vidi quaeque. Infenso à imolação da nordestina gente, Que em ao exaspero foge aos tombos, nas estradas, Tangida pelo guante edaz da seca ardente. Um holocausto atroz — nos
campos, nas chapadas,
Restolhos secos vão
surgindo, lado a lado.
Vergonha nacional que a farsa
patenteia —
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RECORDAÇÃO
A velhice dá dimensões às
É uma aldeia pequenina,
Vejo-a na imaginação,
Vejo o sol, que é
mais bonito,
Vejo a lua, despontando,
Vejo o sino da colina,
Quando tudo nisso eu penso,
Cesse um dia o meu sonhar
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QUANDO OLHO PARA O MAR
No mar, no mar, no mar,
Quando olho para o mar,
Quando olho para o mar,
Quando olho para o mar,
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TAMARINDEIRO DO SEMINÁRIO
Qual peregrino, escravo de um fadário,Senectus ipsa morbus. Os pés sangrando, aos tombos, sem bordão, Ei-lo, arranchado, lá, no seminário, Contando histórias de uma geração. Vem de um passado longe,
rude e vário,
Tudo se foi! E agora, tão
sozinho,
Ah! como se fala mesmo assim
cansado,
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DESTINOS SEMELHANTES
O juízo do homem é muito mais temeroso
O tempo, esse carrasco perdulário,
Quanta ironia! Teve a mesma
sorte
E, por consolo, não
restou senão
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OLHOS DIVINOS DE MARIA
DO CÉU
Quando os teus olhos vejo, ó Mãe, tu que fizesteEram duas auroras À tua sombra Deus também crescer mais santo, Enxergo estrelas pela hiante vida agreste, E a minha vida sob "a estrela" do teu manto. E quando estou sofrendo em
esvasado pranto,
Casta menina, ó Mãe
donzela! Noto, agora,
Longe de Ti não vague
um dia. E muito embora,
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CATEDRAL DE PEDRA
A imensa Catedral, que o sempre ousado tinoNão. Nem templos feitos de ossos De gênio bandeirante impôs, espaço em fora, Orgulha-me dizer que fora um peregrino, Rochedo, à solidão largado. Mas, agora, Aos golpes do cinzel de um
lapidário fino,
E não falta quem louve
a desmedida altura,
—Homem! Se alguma vez, sem
mérito ou ciência,
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VOCÊ, ASSIM
E, quando os olhos para o céu levanta,
Assim eu vejo a perfeição,
que é tanta
A vida, a cada hora a gente
faz.
E guardarei de ti feliz lembrança:
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Do Prof. Austregésilo
de Athayde; eleito mais de 30 vezes Presidente da Academia Brasileira de
Letras:
"A leitura de seus versos basta para consagrar sua vocação
literária.
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Do Escritor e Poeta Senador
Artur da Távola:
"ESCRAVO DE UM FADÁRIO *
Afinal, o que é poesia? A forma acurada? A sonoridade dos versos?
O conteúdo poético? A reflexão expressa pela quintessência
do idioma? A síntese significante da dúvida? A capacidade
de ver o verso, o outro lado da aparência? A métrica irrepreensível?
A lírica que lhe impõe a música? O símbolo
tornado verbo? Não sei. Prefiro responder: tudo. E, se possível,
misturado. Esta porém, é opinião pessoal. Cada poeta
possui a sua visão e concepção de poesia. Todas são
válidas e qualificadas, quando bem feitas, isto é, realizados
dentro das
É o caso deste livro. Setenta anos depois da revolução
do modernismo, das duas uma: ou ele é muito antigo com a finalidade
(esta sim moderna, urgente, inadiável) de salvar o idioma qualificado.
Ou é contemporâneo sob a forma de protesto contra a corrupção
do texto, da fala e do verso, praticada de modo impune no País,
do modernismo para cá, não por culpa deste mas como resultado
da deterioração geral de todas as práticas sociais,
das quais a língua é a primeira a sofrer. Verifica o modo
de falar de uma sociedade e lhe
Antônio William Fontoura Chaves radicaliza. Vai buscar na lapidação
do idioma o seu instrumental. Algum mergulho no romantismo. Arrebatadas
passagens condoreiras. Tinturas do simbolismo. Tudo, porém, refinado,
Também nos temas, a nostalgia lírica predomina. Eles são
(em)bebidos na inspiração romântica: a mãe,
velhas árvores da infância, a cidade natal, a epopéia
paulista, o poente e suas sinonímias com a vida, hábitos
e
Impressiona, porém, a qualidade literária, o domínio lúcido da forma, o andamento irrepreensível dos versos, a lembrar Paul Valéry quando dizia: "O valor de um poema consiste na indissolubilidade de som e sentido.. É o caso. Som e sentido trazem a união necessária para a qualidade dos poemas de Fontoura Chaves, dentro dos marcos da estrita literalidade pré-modernista a que se propõe como forma de recuperar a consistência do idioma ameaçado pela vulgaridade. Seus versos são gritos de saudade, reco mposição de um tempo de valores mais altos e ideais carregados de uma esperança que dia a dia desaparece tanto dos corações como da língua dos contemporâneos." * O título deste flagrante é um verso de Cantos e Encantos. |
Do Poeta Francisco Igrejas:
"Estou encantado. Você é mesmo da Terra de Gonçalves
Dias. Só sinto falta de uma coisa, o que não tem nada a ver
com seu trabalho, é o teor de modernidade que não está
presente. Mas pode ter certeza que dentro de
Ler suas poesias foi para mim um prêmio... A técnica é de mestre. Acho até, me desculpe, que foi sacanagem me pedir opinião." |
Do escritor, Diógenes
da Cunha Lima - Presidente da Academia Norte-rio Grandense de Letras:
"Os seus cantos me encantam. São trocadilhos. Gosto do seu verso bonito, camoniano, gerador de emoções. O gosto clássico se denuncia pelas sentenças selecionadas nas citações. Continue a produzir boa poesia. E não me esqueça." |
Do escritor e poeta francês
Jean Paul Mestas,
em sua publicação JALONS, nº 67:
"Né em terre de Maranhão, il est avocat et réside
à Rio de Janeiro. Homme de foi et de culture, il pose um ocil averti
sur le savoir mondial, cependant que sa poésie traduit l'ampleur
du regard qui déchiffre l'
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Do escritor JORGE CALMON:
"Muito lhe agradeço o oferecimento do exemplar de "Nas Dobras do Tempo", que já comecei a ler, de logo rendido à beleza de sua poesia e à prosa, tocados pela religiosidade transparente. Terminada a leitura, encaminharei o livro, como sempre faço com as boas publicações referidas, à biblioteca da Academia de Letras da Bahia, a que pertenço. Com a renovação do agradecimento, queira receber os cumprimentos do compatrício e admirador. Jorge Calmon. |
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