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Francisco
Egídio Aires Campos
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[Vendo DEUS que era grande a malícia do
homem sobre a terra , e que todos os pensamentos do
seu coração estavam continuamente aplicados
para o mal;
arrependeu-se de haver criado o homem sobre a terra.
E tocado de intima dor no coração ,
disse :exterminarei da face da terra o homem que criei]
Gênesis : 6 , 5-7
1
Oh que crime cruel comete o homem ,
ao tesouro vital que lhe foi dado ,
fonte de vida , que bem conservado
livra–lo-ia dos males que o consomem ,
são florestas inteiras que se somem ,
a moto serras e fogo consumidas ,
cinzas provinda de milhões de vidas ,
cruelmente da terra erradicadas .
2
Ao olharmos a terra devastada ,
que tamanha explosão ali houvera ???
que mesmo sem deixar qualquer cratera ,
só deixara de resto a fumarada ???
que dor ver a floresta assim tombada ,
para onde irão os seres que a habitam ?
como serão pessoas que só fitam ,
lucro material , sem ver mais nada ?....
3
Não podem ser a feras comparadas ,
estas não por prazer destroem a vida ,
mas somente na luta por comida ,
em parâmetros da LEI por DEUS criada .
O homem no entanto não vê nada ,
quando por ímpia ambição movido ,
não vê que detendo a ação terá
detido
o baraço , á prole condenada .
4
E na floresta já desvirginada ,
as moto serras com avidez movidas ,
fazem por léguas , assim serem ouvidas ,
como hinos da morte decretada
a mata , que espera ali calada ,
suas vozes que zumbem ,roncam , guincham ,
penetrando nos caules , que destrinçam ,
e transformando tanta vida em nada .
5
As árvores que ali são derrubadas ,
provocam sons tão tétricos e medonhos,
que nem talvez , no mais terrível sonho ,
pudessem ser tais vozes escutadas .
Contrastam com as outras tão caladas,
que acostumadas ao ciciar do vento
escutam agora o último lamento,
das irmãs que vão sendo executadas .
6
Calam se as aves , já mais nada brada ,
os pássaros já nas copas não voejam ,
e nesta vasta área não adejam ,
os ali faziam sua morada .
O som da morte paira , e ali mais nada ,
além da própria morte já habita ,
e o homem que executa esta desdita
tripudia da vida derrotada .
7
Já após ser a área devastada ,
deixam-na crestar ao sol que ali parece
raios de puro fogo e desverdece
por três meses a mata ali prostrada.
Ansiando o fim da empreitada ,
finalmente após fazer aceiros ,
vem os homens cruéis , “os açougueiros “ ,
chegam um fósforo a macega , e o fogo brada .
8
Do corpo da macega ele se espalha ,
penetrando na mata ali caída ,
por três meses de sol tão ressequida ,
que terrível se alastra como em palha
Transforma-se em labaredas e amortalha
todo animal que para ali volvera ,
e com o tremendo caos os envolvera
transformando-os em cinzas de fornalha .
9
Os troncos a queimar ,zunem , assobiam ,
como o desesperado grito de uma prece ,
como se a seiva que em si houvesse ,
fosse restos de vida que teriam
e que o som que então , ali enviam ,
fossem alertas aos homens que perpetram
crime hediondo , e que assim encetam ,
viagem ao próprio fim que enunciam .
10
Sobem as labaredas , e ao céu clareiam
num imenso rubor que ao longe ver-se .
como se o próprio céu fosse acender-se
na maldade dos homens que as ateiam ,
e a oblação na pira que incendeiam
fosse por DEUS ali indeferida ,
pagando os homens com a própria vida ,
o preço vil do mal que ali semeiam .
11
Estalam os galhos secos , e as folhagens ,
tostadas pelo sol são consumidas
com rapidez de pólvora, e reduzidas
a fino pó levado nas aragens .
nos aceiros da roça, ali na margem ,
a aba da floresta é atingida
e árvores gigantescas , ainda em vida ,
são pelo fogo, em pé, ali crestadas .
12
As labaredas rodopiam aos ventos
por centenas de metros assim subindo ,
e velozes, avançando, vão-se indo
a cobrir toda área em momentos ;
conseguem-se imaginar todos tormentos ,
que o escrito mais maniqueísta
e Dantesco que haja , não registra ,
e ouvir-se toda classe de lamentos .
13
Choram ali os vergéis que se consomem ,
chora o vento que ao fogo ativa e alastra ,
chora o clarão da chama que alabrastra
e a noite ; e a escuridão que ante êle somem
,
choram as chamas que aos troncos lambem e comem,
de desespero o próprio fogo chora ,
na tremenda aflição daquela hora ,
lá todos choram , só não chora o homem .
14
Ah ; que torpeza , quanta ignorância,
deste ser racional que se intitula
o mais sábio dos seres , e se rotula
de ser superior ;quanta arrogância .
talvez até que na primeira infância ,
assim o fosse , mais ali deixara ,
toda bondade que de DEUS ganhara
agindo agora em pura discrepância .
15
OS HOMENS seres maus e abjetos ,
que só poluem , corrompem e desvirtuam ,
e em toda área da terra onde atuam
sacrificam a paisagem aos seus projetos ,
e embora existam ainda uns poucos retos ,
poluem os rios , os mares e o próprio espaço ,
e a terra que os abriga em seu regaço
Um dia OS AFOGARÁ em seus DEJETOS .
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O Planeta Azul
Que linda a Terra, que bonitos os mares,
que lindas as nuvens soltas pêlos ares
e os campos com olores que inebriam,
levados pêlos ventos que ciciam
entre as folhagens brandas dos palmares.
Que lindas as matas virgens que se espraiam
por sobre as terras em verde as transformando,
e os longos rios , largos, volumosos,
que entre elas vão serpenteando,
distribuindo dádivas de vidas
quais borboletas multicoloridas
que entre as flores as vão polinizando.
Que lindos são os pássaros que voejam
cantando enamorados entre as ramagens,
e as coloridas aves que em bandos,
seguem planando nos braços das aragens,
e os insetos que zunem, zumbem, apitam
e os vermes que no humos se agitam
decompondo os dejetos das folhagens.
Que lindas as montanhas e seus aclives,
seus abruptos penhascos e seus rochedos,
suas belas nascentes e cascatas,
seus cumes pontiagudos como dedos,
que aos céus apontam como se dissessem
que ascenderiam a eles se pudessem
e compartilhariam seus segredos.
E os animais, fitófagos ou predadores,
todos e cada um são só beleza,
no equilíbrio lindo em que os fizeram
os que criaram toda a natureza,
e no habitat belo em que convivem,
só os fortes e capazes sobrevivem,
e a lei da vida impera com justeza.
Que belos os desertos e suas dunas,
que são mudadas aleatoriamente,
pêlos velozes e violentos ventos
que ali sopram diuturnamente,
e seus oásis, nichos de beleza,
atestatórios do amor que a natureza
dispensa a todo e qualquer ser vivente.
E os litorais? que haverá mais belo?
sejam abruptas falésias ou planas praias,
rochedos coralinos e cortantes,
moradas de cações e de arraias,
ou extensões de mangues lamacentos
com estranhas arvores que raízes ao vento,
exibem aos galhos tralhotos qual alfaias.
Que inexplicável sina a de odiarmos
este planeta azul onde vivemos,
que nos abriga, protege e alimenta,
e reciproca o bem, se o fazemos,
mas inexoravelmente o destruímos
e um futuro negro construímos
pois destruindo-o para onde iremos?
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MINHA TERRA
Nos prados verdes que existem em minha terra,
Nas lindas serras, riachos e cascatas..
Nos rios que serpenteiam entre estas,
Pelas florestas, caatingas e matas,
É que vagueia minha alma comovida..
E acha guarida em todos estes lugares..
E de amores chora embevecida,
Pôr seus planaltos , dunas, praias, mares.
Olha das nuvens e o belo descortina,
Sejam as tórridas plagas nordestinas,
O sul coberto a verde cultivado..
O verde pampa... A amazônica hiléia,
Acima o céu azul que dá idéia
Que vive aqui um povo abençoado.
Industrioso povo que labuta
Na ingente penúria e não fenece...
Pois reverdece a cada novo alento
Que traz-lhe da esperança o morno vento,
em um porvir repleto de bonança.
Vendo minha alma este Brasil criança,
Que da mãe terra teve pôr herança
Tal dote de beleza...........
Ora a Deus que ele cresça com saúde
E que adote firme a atitude
De guardião de tão grande riqueza.
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Sonhemos
Sonha...que o sonho é que mantém a vida,
Sonha querida, tu és vida... sonha!
Sonha dormindo num profundo sono,
E em uníssono com meus sonhos sonha..
Pois é o sonho que projeta e cria
Toda material realidade
Projeta o sonho, um prédio, uma cidade..
Um desamor.. o tédio.. a alegria.
Sonha sorrindo.. e sorri do teu sonho..
Talvez em sonhos a vida te sorria
E realize os sonhos que um dia
Habitaram no âmago do teu sonho.
Sonha em vigília noturna,.. e à alvorada,
Sonha em sonhos despertos, conscientes,
Sonha teus sonhos e os sonhos de outras gentes,
Sem nada de comum a tua estrada.
Sonha o fim das crianças abandonadas,
Sonha o sonho invulgar da paz na terra
Com o fim da miséria etíope e o fim da guerra,
Com o fim das drogas e o fim das queimadas....
Sonha com coisas não realizadas
Por tantos que deviam e não fizeram,
Sonha os sonhos que jamais tiveram
Os que não vêem o fim da nossa estrada.
Sonha comigo e juntos plantaremos
Estes sonhos invulgares em outras mentes..
E entre seus próprios sonhos, qual sementes
Eclodirão ,crescendo e se expandido
E em reação, a outros atingindo
Irão crescendo, crescendo....e após teremos,
Um sonho coletivo, então veremos
Virar realidade os nossos sonhos...
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DEBUTE
Qual crisálida em casulo recolhida
Transcorre a doce infância das meninas,
De qualquer raça, fortes ou franzinas,
Até que um dia despertam para a vida.........
Então emergem, lindas e coloridas,
Quais borboletas , ágeis, extrovertidas,
Radiantes de amor e de candura,
Revelando facetas da mais pura
Beleza feminil adormecida.........
Como são lindas as jovens debutantes,
Que eternizam ali em breves instantes,
As promessas do amor que é a vida.........
Do qual já são fiéis depositárias,
E o manifestarão de formas várias
Espalhando a semente em si contida.
No futuro serão as jovens noivas,
Jovens mães de família, sempre belas,
E novas debutantes virão delas
Em sucessivas ondas, qual bailados
Prova do amor de Deus pôr nós, mortais,
Nelas vemos a promessa que jamais
Seremos descontinuados... |
Ao bosque Rodrigues Alves
Quisera ter um dom poético inato,
E uma sólida base de cultura,
Adquirida em anos de estudos
Para fazer em versos a tua altura,
A descrição do belo que em ti vejo
E embora sem fazer tal como almejo,
Serei olhos aos cegos e voz aos mudos...
Pedaço inebriante das florestas
Que outrora nestas plagas dominaram,
Abrigando miriades de vidas
Que livres no teu seio pulularam
És um pálido restolho do que eras,
Das massas vegetais de outras eras..........
Com selvas de cimento te cercaram.
Cerca-te a poluição por todos os lados
Em mil formas possíveis e imagináveis,
Ácido é o rocio que te vem das nuvens,
Trazem-te as brisas odores detestáveis,
Enegrece tuas folhas o pó do asfalto
E os temporais projetam lá do alto
Vapores deletérios de inflamáveis.
Se teus gigantes estóicos resistem
É por pura bravura e teimosia,
Tentando assim mostrar-nos no seu verde
A beleza impressionante que um dia
Foi a floresta mãe da qual viestes,
E que embora só tu agora restes
És o libelo ao mal que se fazia.
No decorrer dos anos a destruíram
A golpes de machado e a queimaram,
Na ocupação cruel, desordenada,
Da terra que tanto ambicionaram,
E do modo cruel que agem ainda,
Ciclo feroz da ignorância infinda
Sem antever o futuro que plantaram.
É meu desejo e aqui a Deus imploro,
Que te mantenhas vivo, verde e forte,
Que as gerações futuras em ti vejam
O esplendor que um dia teve o norte,
E das florestas luxuriantes que existiram
Sejas o testigo vivo,....... e que te viram
Em teus primórdios gerações de sorte.
E que no mau futuro imaginável
Com o total da hiléia destruída,
toda a Amazônia desertificada
e de recursos a terra exaurida,
vivas tu como um ponto de verdura
em meio a massa estéril de brancura,
em meio a uma terra já sem vida...
Página inicial de Francisco Egídio Aires Campos
Página inicial do Jornal de Poesia
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