Toda a obra é
vã, e vã a obra toda.
O vento vão, que
as folhas vãs enroda,
Figura nosso esforço
e nosso estado.
O dado e o feito, ambos
os dá o Fado.
Sereno, acima de ti mesmo,
fita
A possibilidade erma
e infinita
De onde o real emerge
inutilmente,
E cala, e só para
pensares sente.
Nem o bem nem o mal define
o mundo.
Alheio ao bem e ao mal,
do céu profundo
Suposto, o Fado que chamamos
Deus
Rege nem bem nem mal
a terra e os céus.
Rimos, choramos através
da vida.
Uma coisa é uma
cara contraída
E a outra uma água
com um leve sal,
E o Fado fada alheio
ao bem e ao mal.
Doze signos do céu
o Sol percorre,
E, renovando o curso,
nasce e morre
Nos horizontes do que
contemplamos.
Tudo em nós é
o ponto de onde estamos.
Ficções
da nossa mesma consciência,
Jazemos o instinto e
a ciência.
E o sol parado nunca
percorreu
Os doze signos que não
há no céu |