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Fernando Pessoa

 Completo (quase)

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Poesia, "apenas" 1.048 poemas em ordem alfabética:

Fernando Pessoa: algumas das frases mais famosas

 

Fernando Pessoa e seus "nomes" mais famosos:

 

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Fortuna:

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Alguma notícia do(a) poeta:

 

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Jornal do Conto

 

 

 

 

     
 
Ceg'Aderaldo

 

Augusto dos Anjos
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marco Rodrigo Almeida

 

Folha de São Paulo

25.3.2011

 

 

 

José Paulo Cavalcanti Filho lança primeira biografia brasileira de Fernando Pessoa , em que revela 55 novos heterônimos

José Paulo Cavalcanti Filho tinha um objetivo quando iniciou sua biografia de Fernando Pessoa (1888-1935): descobrir quem era o "homem real" por trás do grande poeta português. Após oito anos de pesquisa, o autor e advogado pernambucano acabou deparando-se não com um, mas com 127 "Pessoas". É esse o número de heterônimos do poeta catalogado pelo livro "Fernando Pessoa: Uma (quase) Biografia", que Cavalcanti lança agora. As múltiplas personas de Pessoa vão muito além de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, e superam também o que pensavam os especialistas. Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990, eram conhecidos 72 heterônimos de Pessoa. O livro acrescentou 55. O conceito de heterônimo que adotou é amplo e não se restringe à definição padrão: "nome imaginário que um criador identifica como o autor de suas obras e que apresenta tendências diferentes das desse criador". Inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não, com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma biografia convencional. As excentricidades já começam pelo subtítulo: "Uma (quase) Autobiografia". O autor refere-se ao trabalho como o "livro que escrevi com meu amigo Pessoa". A "amizade" é das mais antigas. Começou em 1966, quando Cavalcanti leu "Tabacaria", um dos principais poemas do autor. A partir daí, viria a montar umas das principais coleções sobre vida e obra de Pessoa. O poeta deixou mais de 30 mil páginas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e fatos cotidianos. Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer que seu livro tem "mais frases de Pessoa do que minhas". "Mas não se trata", explica, "de Pessoa falando sobre si, é a palavra de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer, mas por palavras dele". Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao texto, tentou escrever como Pessoa. Reduziu os adjetivos e adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas antes de um ponto final.

SEM IMAGINAÇÃO

 Durante a pesquisa, Cavalcanti foi até quatro vezes por ano a Portugal. Leu centenas de documentos e entrevistou parentes e pessoas que conviveram com Pessoa. Dessas andanças, saiu com a certeza de que o poeta é o autor "menos imaginativo" que existe. "Tudo o que escreveu estava realmente à volta dele. Não tinha nada inventado." Como exemplo, cita "Tabacaria". O poema menciona cinco personagens e Cavalcanti revela que todos realmente existiram e eram próximos do poeta. Quando se trata de Pessoa, contudo, nem tudo é claro. "Sabes quem sou eu? Eu não sei", já advertia o poeta. Sobre sua vida sexual ainda paira uma imensa dúvida. Teria sido gay? Cavalcanti acha que sim, embora não existam provas. Também não há certeza sobre se teria ou não transado com Ophelia, seu mais conhecido relacionamento (Cavalcanti pensa que não foram além de beijos ardentes e leves toques nos seios). Cultivar mistérios, ao que parece, fazia parte do estilo de Pessoa, e isso também Cavalcanti tentou incorporar. O poeta tinha por hábito, diz o biógrafo, embaralhar as datas. O heterônimo Alberto Caeiro, por exemplo, morreu em 1915, mas há textos datados de 1930 atribuídos a ele. No prefácio do livro, Cavalcanti também colocou uma data futura: 13/6/2011. Dupla homenagem, já que Pessoa nasceu nesse dia, em 1888.

 

Allan R. Banks (USA) - Hanna

 

 

   
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Folha de São Paulo

25.3.2011

 

 

 

Carlos Felipe Moisés

 

 

 

CRÍTICA BIOGRAFIA

Estilo do biógrafo rivaliza com o de Pessoa

Livro sobre o poeta português traz esforço notável de pesquisa, mas troca literatura por "verdade" biográfica

O OBJETIVO NÃO É INTERPRETAR, MAS BUSCAR RELAÇÕES ENTRE VIDA E OBRA, PARA QUE O INICIANTE NÃO SE ILUDA

 

CARLOS FELIPE MOISÉS ESPECIAL PARA A FOLHA

O esforço é notável: milhares de documentos compulsados, dezenas de pessoas entrevistadas, em três continentes, e toda a vasta obra de Fernando Pessoa percorrida palmo a palmo. Resultado: 700 e tantas páginas de comovida homenagem ao poeta, famoso pelos heterônimos. Trata-se de um relato biográfico em que o fio narrativo, abrindo mão de foco ou finalidade, constantemente envereda por atalhos e digressões. Podem levar das alfaiatarias, barbearias e cafés frequentados pelo poeta, às casas onde morou e aos escritórios onde trabalhou. De uma antologia não comentada de partes da obra às hipóteses relativas ao namoro com Ophelia e à sexualidade em geral, e muita coisa mais. "Não é um livro para especialistas", afiança o autor, já que não lida com literatura, mas tem o mérito de reunir no mesmo lugar uma enorme quantidade de informações (fantasias à parte) até então dispersas. E isso pode ser útil a... especialistas.

 

SEM INTERPRETAÇÃO

Modestamente, porém, o autor considera a biografia um "simples guia para não iniciados". Por isso, Cavalcanti não arrisca nenhuma "nova interpretação". Seu objetivo, com efeito, não fazer interpretações, mas buscar relações entre vida e obra, a fim de que o iniciante não se iluda julgando que vai lidar com poesia ou literatura: é tudo, só, uma questão de "verdade" biográfica. Assim, ficamos sabendo (um exemplo, entre muitos) que, no poema "Tabacaria", a pequena dos chocolates "é sua sobrinha Manuela Nogueira" -"como ela própria me confessou", acrescenta o autor. O especialista, se quiser, que continue a buscar suas interpretações.

 

MÁSCARAS

O subtítulo diz: "Uma (Quase) Autobiografia". É que o escritor ilustra o seu próprio texto (sem aspas) com abundantes frases soltas (já agora entre aspas), livremente extraídas da obra pessoana. Cleonice Berardinelli, na apresentação do livro, vai direto ao ponto: "Essas aspas funcionam como uma espécie de nova máscara, desta vez aplicada à face do autor deste novo livro". O que temos, então, nem "auto" nem "quase auto". Trata-se apenas de uma biografia, gênero híbrido em que a têmpera do biógrafo às vezes rivaliza com a do biografado, quem sabe para reforçar a homenagem.

 

CARLOS FELIPE MOISÉS é professor de literatura da USP e autor de "O Poema e as Máscaras" (1981), "Fernando Pessoa: Almoxarifado de Mitos" (2005) e "Conversa com Fernando Pessoa" (2008), entre outros livros

 

FERNANDO PESSOA: UMA QUASE AUTOBIOGRAFIA

AUTOR José Paulo Cavalcanti Filho

EDITORA Record

QUANTO R$ 79,90 (736 págs.)

AVALIAÇÃO regular