Fernando Pessoa

Mas não, é abstrata, é uma ave
 
MARAVILHA-TE, memória!
Lembras o que nunca foi,
E a perda daquela história
Mais que uma perda me dói.

Meus contos de fadas meus -
Rasgaram-lhe a última folha...
Meus cansaços são ateus
Dos deuses da minha escolha...

Mas tu, memória, condizes
Com o que nunca existiu...
Torna-me aos dias felizes
E deixa chorar quem riu.

   
Remetente : Ângela Campanha 
 ÍNDICE DO AUTOR | PÁGINA PRINCIPAL