NÃO DIGAS NADA!
Que hás me de dizer?
Que a vida é inútil,
que o prazer é falso?
Di-lo de cada dia a cadafalso
Ao que ali um dia vai
morrer.
Mais vale não
querer.
Sim, não querer,
porque querer é um ponto,
Ponto no horizonte
de onde estamos,
E que nunca atingimos
nem achamos.
Presos locais da ida
e do horizonte
Sem asas e sem ponte.
Não digas nada,
que dizer é nada!
Que importa a vida, e
o que se faz na vida?
É tudo um ignorância
diluída.
Tudo é esperar
à beira de uma estrada
A vinda sempre adiada.
Outros são os caminhos
e as razões.
Outra a vontade que nos
fará seus.
Outros os montes e os
solenes céus. |