Fernando Pessoa

Náusea. Vontade de nada
 
NÁUSEA. Vontade de nada.
Existir por não morrer.
Como as casas têm fachada,
Tenho este modo de ser.

Náusea.  Vontade de nada.
Sento-me à beira da estrada,
Cansado já no caminho
Passo pra o lugar vizinho.

Mas náusea.  Nada me pesa
Senão a vontade presa
Do que  deixei de pensar
Como quem fica a olhar...

   
Remetente : Ângela Campanha 
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