NESTA vida, em que sou
meu sono,
Não sou meu dono,
Quem sou é quem
me ignoro e vive
Através desta
névoa que sou eu
Todas as vidas que eu
outrora tive,
Numa só vida.
Mar sou; baixo marulho
ao alto rujo,
Mas minha cor vem do
meu alto céu,
E só me
encontro quando de mim fujo.
Quem quando eu era infante
me guiava
Senão a vera alma
que em mim estava?
Atada pelos braços
corporais,
Não podia ser
mais.
Mas, certo, um gesto,
olhar ou esquecimento
Também, aos olhos
de quem bem olhasse
A Presença Real
sob disfarce
Da minha alma presente
sem intento. |