Lá fora vai um
redemoinho de sol os cavalos do "carroussel"...
Árvores, pedras,
montes bailam parados dentro de mim...
Noite absoluta na feira
iluminada, luar no dia de sol lá fora,
E as luzes todas da feira
fazem ruídos dos muros do quintal...
Ranchos de raparigas
de bilha à cabeça
Que passam lá
fora, cheias de estar sob o sol,
Cruzam-se com grandes
grupos peganhentos de gente que anda na feira,
Gente toda misturada
com as luzes das barracas, com a noite e com o luar,
E os dois grupos encontram-se
e penetram-se
Até formarem só
um que é os dois...
A feira e as luzes da
feira e a gente que anda na feira,
Andam por cima das copas
das árvores cheias de sol,
Andam visivelmente por
baixo dos penedos que luzem ao sol,
Aparecem do outro lado
das bilhas que as raparigas levam à cabeça,
E toda esta paisagem
de primavera é a lua sobre a feira,
E toda a feira com ruídos
e luzes é o chão deste dia de sol....
De repente alguém
sacode esta hora dupla como numa peneira
E, misturado, o pó
das duas realidades cai
Sobre as minhas mão
cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que
se vão e não pensam em voltar...
Pó de ouro branco
e negro sobre os meus dedos...
As minhas mão
são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como
o dia hoje... |