Fernando Pessoa

O grande sol na eira
 
O GRANDE sol na eira
Talvez seja o remédio...
Não quero quem me queria,
Amarem-me faz tédio.

Baste-me o beijo intacto
Que a luz dá a luzir
E o amor alheio e abstrato
De campos a florir.

O resto é gente e alma:
Complica, fala, vê.
Tira-me o sonho e a calma
E nunca é o que é.

   
Remetente : Angela Campanha 
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