Frederico Barbosa

Rarefato
Outra trilogia do tédio

I
Nenhuma voz humana aqui se pronuncia
chove um fantasma anárquico, demolidor
amplo nada no vazio deste deserto
anuncia-se como ausência, carne em unha
odor silencioso no vento escarpa
corte de um espectro pousando na água
tudo que escoa em silêncio em tempo ecoa
II
Sentia o término correndo nas veias.
Há pressa: via.
Houve um momento grave.
(O filme era ruim. O cinema, lotado.
Na luz neblina, escondido, um cigarro.)
Impossível escapar ao pânico,
prever o vazio provável.
De repente: o estalo.
Terminal,
a consciência do zero rondando.
Estado, condição, estado.
Abre:
III
Dominado pela pedra, insone,
descolorido, o crime principia
nas altas horas de noite vazia
ganha corpo no decorrer do dia.
Ganha corpo no decorrer do dia,
dominado pela pedra insone
dor de náusea delicada e infame,
das altas horas da noite vazia.
Dor de náusea delicada, infame,
nas altas horas na noite vazia
ganha corpo no decorrer, no dia
dominada pela pedra, insone.
Ganha corpo no decorrer do dia,
dor de naúsea delicada e infame
descolorido, o crime principia
alia-se ao tédio impune e some.



  • Poema em espanhol
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