Os olhos denunciam meu enigma
e fui eu o primeiro a descobri-lo.
Pensei até tratar-se de um engano.
Desses que vêm em sonhos com seus danos,
e sempre se esparramam derramando
o fel da fúria forte, o seu comando
de besta desgarrada de um eclipse,
no galope do vento e sua elipse,
tangendo o trote baço, o nevoeiro
dos cascos das estrelas, a poeira
cósmica dessa dança do universo.
Não era. Estava ali. Claro e disperso
no escuro do meu quarto, alumiando
intermitente, brasa em fogo brando:
esse cuspe lampeiro, luz do campo,
raio de vago lume: o pirilampo.
poema da antologia Fui Eu
|