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 Se                                      Se és capaz de manter a tua calma quando
 Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
 De crer em ti quando estão todos duvidando,
 E para esses no entanto achar uma desculpa;
 Se és capaz de esperar sem te desesperares,
 Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
 Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
 E não parecer bom demais, nem pretensioso;
 Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires;
 Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
 Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
 Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
 Em armadilhas as verdades que disseste,
 E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
 E refazê-las com o bem pouco que te reste;
 Se és capaz de arriscar numa única parada
 Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
 E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
 Resignado, tornar ao ponto de partida;
 De forçar coração, nervos, músculos, tudo
 A dar seja o que for que neles ainda existe,
 E a persistir assim quando, exaustos, contudo
 Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
 Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
 E, entre reis, não perder a naturalidade,
 E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
 Se a todos podes ser de alguma utilidade,
 E se és capaz de dar, segundo por segundo,
 Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
 Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
 E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!
 
                                       
Tradução de Guilherme de Almeida
 
  
Remetido por
 Marlene Barreto 
 msbrj@terra.com.br
  
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