Ruth, de Francesco Hayez, 1791-1882  

Soares  Feitosa

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Forjas de Vucano Valazquez
 

Se

      apud Rudayard Kipling,
      para Alicia

       

Se eu tivesse uma —
se — 
ah, não sei, já sei, deve fazer parte,
tantos "ses":
épocas, geografias, este mar 
longamente mar. 

 
Então, eu tomaria conta das forjas,
dos ferros e do carvão. 
 

Seriam de outro encargo, 
não meu — [se] —, 
a água, 
o óleo da têmpera,
esta luz refletida à lâmina;
[e correríamos entre as fornalhas] —
de aurora e forjas, 
este cântico, este soluço.
 

E quando nos cansássemos 
de tanto abafo, o meu quinhão de rosto
e sal completamente pagos, 
ela diria em pleno dia:

— Um café, senhor!

— Sim, minha senhora, eu mesmo vou servi-la:
     esta taça, a noite azul.

       


       
              [Fortaleza, 18 horas, 08.10.1999]

 

 

 

Da generosidade dos leitores

 

 
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Alckmar Luiz dos Santos

 
   

Soares, amigo,

Puxa, que dois * poemas danados de bonitos, esses que chegaram pelo correio! Dá inveja dessa verve lírica que sempre passa meio longe dos tecnicismos prosódicos em que eu mesmo me insulo. Aliás, não sei se você recebeu o meu "Retrato e Percurso". Se não, dê notícia para que eu possa enviar até aí.

Grande abraço do companheiro de caminhadas poéticas e informáticas.
Pós-Graduação em Literatura
Universidade Federal de Santa Catarina
 http://www.cce.ufsc.br/~nupill
fone(55)(48)331.9582
fax (55)(48)331.6612
* - O outro poema é Nunca direi que te amo

 

 
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José Nêumanne Pinto

 
   


Se é um poema solar, de plenas iluminações, de mistérios revelados sem pudor. Esta é a natureza mesma da poesia - a de revelar o relevante e relevar o revelante. 

Este poema sabe a sorvete de mangaba na Praia do Futuro. E tem mais: este poema é rubro como só são rubros os crepúsculos da Borborema, visse? 

José Nêumanne - poeta e jornalista

 

 
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João Domingues Maia

 
   

 

Gostei muito do seu poema  Se

Você precisa publicar em livro. Às vezes procuro textos para os meus livros didáticos e passo por muita coisa ruim.

Um abraço

Maia

 

 
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M. Luísa Vasques Dinis

 
   

Exmo. Senhor

 

Poema Se: 

Gostei muito: tem ritmo - só cortado, um pouco, pelo segundo discurso directo; tem eufonia e uma infinitude de sentidos, o que me agradou sobremaneira. 

O título também está bem escolhido, mas parece-me mais hamletiano e não tanto de Kipling...

Feliz Alícia...

 

 
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André Seffrin

 
   

 

Feitosa,

Luis Antonio esteve aqui em casa e comentamos: o Feitosa lírico é o maior. Não dispenso o épico, mas prefiro o lírico. Exemplo de lirismo limpo, do melhor lirismo, é este "Se", que você mandou pelo correio. Impresso junto com "Nunca direi que te amo", é uma jóia que devemos guardar.

Abraços e saudade do seu

André

 

 
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Joaquim Alves

 
   

 

Poeta Soares Feitosa

 

Bem-Haja, pelo "Se".

Prima, uma vez mais, pelo toque (im)perfeito da sensibilidade! 

E fez lembrar-me que sou bisneto de ferreiros: os contorcionistas do ferro, em esforço de fogo, martelo e suor!
Claro que fui "tocado" pelo lado romântico que, afinal, "ses" não tem.

Vivam os últimos românticos de todos os cantos do mundo, onde quer que se encontrem.

Com um abraço que une os dois lados do atlântico.

Joaquim Alves

 

 
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Herbert Draper (British, 1864-1920), A water baby

 

Mauro Mendes


From: Mauro Mendes
Sent: Saturday, August 09, 2003 3:34 PM
Subject: Poema SE

Prezado Soares,

Quando um poema é capaz de me passar uma emoção, como aconteceu com o teu bonito poema SE, isto para mim é uma prova definitiva! O resto é conversa ou querela(quase sempre vã) de crítico literário. Rainer Maria Rilke(em Cartas a um Jovem Poeta, Edit. Globo) já advertia: "Leia o menos possível trabalhos de estética e crítica. Ou são opiniões partidárias petrificadas e tornadas sem sentido em sua rigidez morta, ou hábeis jogos de palavas inspirados hoje numa opinião, amanhã noutra. As obras de arte são de uma infinita solidão; nada as pode alcançar tão pouco quanto a crítica". Mas foi Edmund Wilson(conforme citado por Hélio Pellegrino no artigo "Escuridão e Rutilância", publicado no jornal Folha de São Paulo de 08.10.86) quem melhor estabeleceu a diferença entre crítico e artista criador: "O crítico, naquilo que escreve, sabe mais do que diz, ao passo que o artista criador diz mais do que sabe". E continua HP: "Isto decorre do fato de que o crítico se move, predominantemente, na área consciente e reflexiva do seu psiquismo, ao passo que o artista criador, em seu mergulho poético, ordenha leite da escuridão". (...) "O crítico é sempre capaz de explicar o seu texto"[cartesianamente], ao passo que "O artista criador é explicado pela obra que faz muito mais do que é capaz de explicá-la. A linguagem criadora é carregada de noite, de refrações simbólicas, de confusos rumores, cuja crepitação jamais se deixa capturar pela fome de clareza que define o pensamento consciente. Aliás, há que precatar-se contra a ilusão das claridades excessivas. Elas velam a realidade muito mais do que a revelam. No centro do incêndio solar, há um latifúndio de treva, da mesma forma que no caroço da noite enorme, fulge uma fogueira de luz"(Hélio Pellegrino, id. ibid.).

Acho, então, que se pode aplicar a este teu poema(e, em geral, ao que eu já li, até aqui, da tua poesia), o que o poeta Robert Lowell  dizia a respeito de si mesmo: "tiro poesia de onde bem entendo, não dou muita satisfação", e dizia  ainda: "poeta pode ser inteligente e cônscio do que faz. No entanto, caminha meio aloprado e sobrearmado, preso[ao mesmo tempo] de sua amnésia, ignorância e instrução".

"Então eu tomaria conta das forjas
dos ferros e do carvão"

 

Tal qual acima, o teu poema é assim como o metal nobre incandescente escoando, junto com a ganga bruta, da cratera de Vulcano ou da forja de um ciclope. Às características "heróica, telúrica e lírica" da tua poesia,  permito-me, então, acrescentar mais uma: CICLÓPICA!

 

Um grande abraço, com admiração!

Mauro Mendes

Salvador - Bahia

09/08/2003

 

 

 

 

 

 

 

 

Diego Velazquez, As forjas de Vulcano