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Concretismo


 


Que importância teve o Suplemento Dominical


Por Ferreira Gullar
 


- Que importância teve o Suplemento Dominical no contexto cultural da época?
 

- Tem que perguntar para quem não participou do projeto. Como eu fui um dos que fez o suplemento, vou dizer que foi grande, importante. Mas a importância mesmo tem que ser avaliada pelas pessoas que o leram. Eu não vou avaliar meu próprio trabalho. O suplemento começou como uma página doméstica. O Reynaldo Jardim começou a publicar poemas e, quando a idéia surgiu, ele chamou as pessoas: Oliveira Bastos, eu, Mário Faustino. Durante o primeiro ano, o suplemento não teve importância nenhuma. Ela veio quando lançamos o movimento da poesia concreta. A importância se tornou maior quando ele se tornou veículo do movimento neoconcreto. Foi um suplemento que teve muita presença no mundo cultural, causando impacto, influenciando, lançando uma série de pessoas jovens. O José Guilherme Merquior começou a escrever no suplemento como crítico literário.

- Como o senhor vê os atuais suplementos literários ?
 

- Agora é outra época. Os suplementos não têm mais o caráter que o nosso tinha. Ele apresentava uma filosofia, uma visão e era um suplemento lançador de idéias e de movimentos. Hoje começam a surgir alguns suplementos que publicam matérias com mais interesse, como o Idéias, o Prosa e Verso e o Mais. Acho que eles começam a ter importância na vida cultural. Mas, no meu entender, a crítica literária e a de arte ficam mais no nível de divulgar as coisas. Não se debate, não se discute, não se tem um caráter dinâmico do ponto de vista cultural. É simplesmente um órgão de difusão.

Acho que falta publicar a poesia, abrir os suplementos para a poesia. Por que o poema foi excluído dos suplementos? Eu gostaria que os diretores dos suplementos esclarecessem aos poetas, sobretudo aos jovens, por que a poesia foi excluída. Ela está condenada? Alguém tomou uma decisão sumária para decapitar a poesia? Publica-se tanta bobagem, gasta-se tempo até com mulher grávida nas páginas de jornais. Por que que a poesia não tem lugar? É uma pergunta que deixo no ar.

 

 

 


 

24/01/2007