José Pedreira da Cruz
Sonho de flores
Banhando-me com a brisa de uma
esplendorosa noite enluarada, deliciei-me com a beleza de um mundo
inimaginável, e nele adentrei no fulgor de um sonho, onde meus olhos
de criança viram imagens inigualáveis e misteriosamente belas.
Andava eu por um chão forrado com
pétalas e fui me deparar frente a uma gigantesca planície iluminada
por um deslumbrante colorido de um luar brilhantemente alaranjado,
onde todos os encantos fluíam sobre as cores de um jardim suspenso
no ar, tal qual uma nuvem, inigualavelmente belo, e que, apenas, no
meu sonho de criança eu fui capaz de vê-lo.
Fiquei a olhar para o meu entorno, e
me deparei com o nada, o vazio; e me achei frente à imensidão de um
horizonte terrestre, e sobre a minha cabeça um céu com gigantescas e
multicoloridas estrelas a me alumiar, e, em meio a um mundo
solitário, coberto apenas por um jardim carregado de indecifráveis
ilusões e de indescritíveis imagens, eu me vi.
não havia caules na terra
apenas flores no ar
com delirantes perfumes
querendo me embriagar.
Ainda hoje, na somatória dos meus
dias, sinto-me incapaz de narrar estas visões na sua totalidade tal
como foram vistas em sonho. Nela a vida borbulhava num amontoado de
coloridas flores suspensas no ar, e, apenas um agradável zumbido
proveniente de aves e de insetos quebrava o silêncio e ampliava mais
e mais a beleza e os encantos; e me envolvia naquela aquarela viva
como a me integrar aos prazeres da natureza e senti que eu fazia
parte daquele mundo tal como se eu fora um vegetal:
- Coisa misteriosa dos sonhos.
- Hoje, digo eu.
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