Lançado em Portugal pelo Instituto
Camões, livro reúne poetas de países de língua
portuguesa. Treze brasileiros, incluindo dois baianos, figuram na edição.
O Instituto Camões, uma das entidades culturais
mais respeitadas de Portugal e do planeta, está mais próxima
do Brasil do que nunca. Recentemente, através de uma parceria com
a Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia e o Gabinete Português
de Leitura, foram realizados espetáculos e exposições
de artes plásticas integrando os dois países. Agora, o instituto
lança Vozes Poéticas da Lusofonia, uma antologia que reúne
poetas que escrevem em português, incluindo dois baianos, Ruy Espinheira
Filho e Luís Antonio Cajazeira Ramos, no capítulo dedicado
ao nosso País.
Os próprios autores convidados lamentam a
falta deste ou daquele nome na antologia. Mas as seleções
literárias costumam pecar pela exclusão (e, muitas vezes,
o que é mais lamentável ainda, pela inclusão). Neste
caso, há a ausência de vários nomes que seriam representativos,
e dignos de figurar na edição, como Ferreira Gullar ou Manoel
de Barros, além de baianos como Myriam Fraga e Florisvaldo Mattos.
Apesar disso, um dos grandes méritos deste trabalho é apresentar
autores vivos e contemporâneos, como Alexei Bueno (verdadeiro dínamo
da poesia brasileira) e Arnaldo Antunes, com seu concretismo à meia-prosa.
O trabalho, coordenado por Luís Carlos Patraquim,
foi lançado em Portugal com o devido estardalhaço na cidade
de Sintra, mas em Salvador só poderá ser comprado em livrarias
que trabalham com importação de livros. Os autores baianos
incluídos na edição pensam em encaminhar uma proposta
de lançamento ao Gabinete Português de Leitura, com a presença
indispensável de Patraquin. “Salvador é a capital d’além
mar de Portugal”, observa o poeta Luís Antonio Cajazeira Ramos,
um dos selecionados e proponentes.
Vale lembrar que este livro acaba sendo quase uma
troca de gentilezas literárias entre os dois países, já
que a brasileira Lacerda Editores lançou uma Antologia da Poesia
Portuguesa, com coordenação de Alberto da Costa e Silva e
Alexei Bueno. Critérios e amabilidades poéticas a parte,
o trabalho é interessante pelo leque de estilos e talentos que apresenta.
Versos que ora surpreendem pela qualidade, ora pela simplicidade, mas que
integram os povos lusófonos no exercício pleno e no ofício
digno da verdadeira poesia.
Kátia Borges
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