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Maria J Fortuna


 


O silencio da madrugada


Tão sacramental o silencio da madrugada...
Hermético
Misterioso
Pulsante
Circular
Azul como sonata de Chopin

Ouço o barulho do silencio
No germinar de um anseio
Que brota no campo santo
Da vida em ebolição

Sinto-me mergulhada
No amniótico líquido
Do tempo gestante

Ouço a fala de Deus
No ventre da Mãe
Onde tudo é gerado
No sagrado rebentar das sementes
Que como sylphides
Aparecem do nada

Ouço a lembrança de vidas passadas
Onde eu tinha outro corpo
Ouço os protestos
De um coração em flor
Que não quer dormir



BH 12.05.2006


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Maria J Fortuna


 

O silencio


Não posso macular o silencio
Que envolve a madrugada
Campo santo do tempo
Alquimista
Transubstanciante
Senhor do Graal

Reverencio
Aquele que se oculta
Nos sonhos de minha alma
Como sopro
Dentro do bambu
Em flauta doce

Acolherei o Amado
Que nasce das espumas
Do que é grandioso
Onírico
Absurdamente belo
Sonoramente silencioso...



23.05.2006

 

 

 

Baloubet du Rouet, campeoníssimo de Rodrigo Pessoa

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Eduardo Lacerda

 

 

29/05/2006