Menotti Del Picchia 

Banzo
       
 
E por que deixou na areia do Congo 
a aldeia de palmas; 
e porque seus ídolos negros 
não fazem mais feitiços; 
e porque o homem branco o enganou com missangas 
e atulhou o porão do navio negreiro 
com seu desespero covarde; 
e porque não vê mais de ânfora ao ombro 
a imagem do conga nas águas do Kuango, 
ele fica na porta da senzala 
de mão no queixo e cachimbo na boca, 
varado de angústia, 
olhando o horizonte, 
calado, dormente,
pensando,
sofrendo,
chorando.
morrendo.
             

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Página  atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02  de janeiro de 1998